“Desde que haja saúde…

0
1532
RuiGoncalves
- publicidade -

… O resto vem por acréscimo”, é uma expressão vulgar, usada quando estamos perante um problema mais complexo nas nossas vidas. Uma frase que deixa explícita a importância de que se reveste a “saúde”, para qualquer “ser” humano. É, evidentemente, o pilar fundamental da vida.


Precisamente por isso, esta é matéria onde dificilmente toleramos deficiências ou ineficácia, ou mesmo explicações que as tentem justificar, porque “com a saúde, não se brinca”, também dizemos.
Importa portanto prever e preparar o futuro, sem nunca ignorar ou esquecer o presente. As condições de prestação de serviços na área da saúde, são sempre motivo de discussão e muitas vezes, acalorada.
Vem isto a propósito do Hospital das Caldas, que como sabemos tem infelizmente, sofrido muitas vicissitudes nos últimos anos, desde a perda de valências diversas, ao funcionamento em condições algo precárias. E se me parece consensual, que o futuro só se resolve com a construção de um novo hospital, que sirva não apenas a população de Caldas da Rainha, mas o oeste na sua globalidade, cuja discussão tem que estar presente, é também imperioso estarmos atentos e tudo fazer para que até lá, sejam tomadas todas as medidas para acautelarmos o presente deste hospital.
Significa isto, que importa reivindicar todas as condições possíveis com vista à melhoria do seu funcionamento, como estarmos atentos e precavermo-nos contra eventuais perdas que se acrescentem às anteriores.
Tomemos como exemplo o “serviço” de psiquiatria, em que é público que psiquiatras, psicólogas e enfermeiros, não disfrutam das necessárias condições de trabalho adequadas ao seu desempenho, nos cuidados que prestam a mais de mil utentes.
Com profissionais dependentes de distintas entidades, este serviço não está constituído como qualquer outra especialidade, na estrutura orgânica do CHO – Centro Hospitalar do Oeste, desde há vários meses, o que o torna fragilizado e vulnerável.
Clinicamente, depende do Hospital de Stª Maria. Do ponto de vista funcional, alguns profissionais estão dependentes da direção do ACES norte. Fisicamente, as instalações pertencem ao CHO. Já em termos de ligação contratual, algumas dessas profissionais estão dependentes da ARS – Administração Regional de Saúde, em condições precárias, com contratos apenas até ao final do ano.
E o futuro, está garantido? Diz-se sempre que sim, mas estes indícios, sempre os indícios que teimamos em não querer perceber, dizem bem da fragilidade do “serviço” em condições precárias quanto baste, para desconfiarmos da sua solidez.
Tenho para mim, que esta multiplicidade de dependências, leva ao não compromisso e por outro lado à angústia, dos que diariamente desenvolvem a sua atividade profissional e prestam os cuidados de saúde às populações. Quando sabemos, apenas como um exemplo entre outros possíveis, que profissionais com um vínculo laboral já de si precário, ainda têm salários em atraso, não podemos prever nada de bom.
Urge estarmos atentos e percebermos o que pode estar a acontecer, porque um dia pode ser tarde e depois não vale a pena “chorar sobre o leite derramado”.
É urgente perceber o que se passa à nossa volta, relacionar os tais indícios com o que aconteceu no passado com outras especialidades e anteciparmos soluções.
É comum considerarmos que as autarquias não têm que ver com questões de saúde, que essa é matéria do estado central. Não existe maior engano e não é a minha opinião.
Tudo o que diga respeito aos interesses das populações, é sempre matéria da responsabilidade da autarquia. Compete-lhe estar atenta, prever, antecipar, acautelar, influenciar, pressionar e qual é a dúvida… também, colaborar.
É isto que se pede sem demoras à autarquia, porque de perda em perda, sujeitamo-nos à perda final.

 Rui Gonçalves
rgarquito sapo.pt

- publicidade -