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Caldas e a sua gestão autárquica tem nos últimos anos somado sucessos. A cidade goza de um ambiente agradável e de uma relativa limpeza. A Praça da Fruta é já uma imagem de marca consagrada. As feiras e festas de Verão têm sido um sucesso capaz de enorme atracção a nível regional. Com os Concelhos vizinhos goza-se de uma relativa paz e boa cooperação. O Parque está bonito e a Mata finalmente começa a mostrar um ar cuidado. As dragagens na Lagoa vão começar. A maioria tem razões para estar contente e descansada – não se perspectivam no panorama político concelhio grandes desafios que possam fazer perigar a manutenção do status quo, pois tantos sucessos deixam pouca margem. Sorte da maioria, incapacidade dos partidos da oposição, mal do Concelho, porque temo que este sucesso possa a longo prazo revelar-se um presente envenenado – enquanto estamos entretidos em feiras e festas, outros estão a planear de forma estruturada o futuro e podemos daqui a algum tempo descobrir que ficámos irremediavelmente para trás.
Das muitas frases atribuídas a Einstein há uma de que gosto particularmente, (cito de cor): “os problemas que enfrentamos não podem ser resolvidos no mesmo nível de pensamento em que estávamos quando os criámos”. É este o dilema da oposição em Caldas – não consegue subir o nível de análise. Pois ao nível da opção pela forma mais do que pelo conteúdo, do imediato ao invés do longo prazo, da resposta fácil e popularucha e não da solução estruturada, não há muito mais a fazer para lá do que a Câmara já faz. Compreendo assim o incómodo e dificuldade da oposição e o vazio de ideias que é actualmente o nosso espaço político municipal. Precisamos de ideias estruturantes para o Concelho, que serão aquelas que apontem o rumo do seu desenvolvimento e diferenciação regional, para lá das opções óbvias.
Desde 2012 que é anualmente noticia a publicação do Relatório Mundial da Felicidade, que analisa o grau de felicidade percebida pelos diferentes países. Este índice é cada vez mais referido e utilizado como medida para a qualidade da governação dos estados. Ora, principalmente desde 2017, começa a verificar-se um movimento internacional de transposição do conceito de felicidade dos países para felicidade das cidades. Ganha cada vez mais corpo o conceito de “Cidade Feliz” e começam a desenhar-se interessantes experiências da sua aplicação em diferentes cidades europeias.
Num contexto de concorrência entre cidades para a captação de população e recursos, Caldas da Rainha ter a bandeira de “Cidade Feliz” parece-me uma meta pela qual vale a pena trabalhar.
O Comité Internacional de Normalização – ISO, publicou em 2010 uma norma internacional sobre responsabilidade social, a norma 26000. Esta foi uma das normas de mais difícil redacção de todas as já produzidas por este Comité, uma vez que obrigou a conciliar posições tão díspares como as de governos e de ong’s, ou as posições ocidentais com as posições dos países árabes, mas no final o texto produzido é de uma extraordinária riqueza e contém preciosas indicações para a implementação de boas práticas da responsabilidade social das organizações. O modelo preconizado pela ISO 26000 está, em cidades de todo o mundo, a ser utilizado como modelo de governação municipal. Também esta é uma meta que fazia sentido Caldas da Rainha abraçar.
Com esta crónica termino a minha colaboração com a Gazeta das Caldas, foi ao longo de um ano e pouco um exercício gratificante e estimulante. Agradeço à Gazeta o convite, aos meus colegas cronistas o excelente nível dos seus escritos que muito me honrou ombrear, mas agradeço particularmente aos leitores que tiveram a paciência de me ler e àqueles que tiveram a amabilidade de, com os seus comentários, contribuir para os diferentes textos.

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