José Luiz de Almeida Silva
Há um ano precisamente, quando se iniciou a invasão da Ucrânia pela Rússia, escrevemos um editorial sob o título “O impensável”, em que recordávamos outra realizada pela Indonésia em Timor Leste, numa espécie do episódio bíblico de David contra Golias e o horror que tudo isto constituía.
Vão passados 365 dias de uma guerra que julgávamos, e continuamos a julgar, verdadeiramente impensável, com milhares de mortos, feridos e deslocados, milhares de milhões de euros, dólares ou rublos dizimados, por causas fora de tempo. Por um lado, com o objetivo de invasão, ocupação e conquista de território e, por outro, de defesa do território e da sua autonomia patriótica, verificamos que continua a insensatez e o irrealismo, especialmente daqueles que se julgam justificados pela ideologia da ocupação.
Perante isto o mundo vive numa nova crise económica, social e ambiental, cuja recuperação vai demorar muito e em que o fim não está ainda à vista.
Nós portugueses, mesmo assim distantes fisicamente do conflito, diariamente sofremos no bolso e na consciência, fazendo-se as consequências sentir cada vez mais, podendo levar-nos a comportamentos mais egoístas e cínicos.
Quanto era importante por cobro imediatamente a este conflito, sabendo que nos bastam as calamidades naturais, como o terramoto que há dias atingiu outras populações indefesas da Turquia e da Síria, ou ainda as resultantes das tragédias nas migrações, especialmente os naufrágios no Mediterrâneo. Não nos bastavam já estas calamidades inesperadas e de dimensões dantescas? ■