A 15 de Maio, a “Derechazo” organizou uma corrida de toiros que homenageou o cavaleiro caldense Marco José pelos 20 anos de alternativa. À tarde, no Parque D. Carlos I, a Banda Comércio e Indústria dedicou-lhe um concerto acompanhando-o numa bonita demonstração de equitação de toureio. Ao intervalo da corrida foi descerrada uma placa alusiva à efeméride, antecedida da oferta de peças de cerâmica aos cavaleiros, grupos de forcados e ganadeiro pela empresa e o município. A banda caldense entregou ao homenageado a partitura de um novo passodoble com o seu nome.
A anteceder, ao final da manhã, assistiu-se a uma interessante descarrega pública dos toiros, o que se saúda.
Espetáculo interessante, bem organizado, cuidado nos detalhes, uma aposta ganha e boa apresentação da nova empresa. A praça, de cara lavada, está bonita, renovada com obras que ultrapassam a mera manutenção e pintura. A noite fria e ventosa, com outros eventos em simultâneo, não ajudou, mas o aliciante cartel merecia mais público que a meia casa entusiástica.
Os toiros de herdeiros do Dr. António Silva, dos campos do Sorraia, não defraudaram as espetativas. Bonitos, bem apresentados, com trapio (sem peso exagerado o que normalmente os torna lentos, ao contrário do que muitos pensam) foram no geral bons, tiveram entre 480 e 550 kg e colaboraram no espetáculo colocando algumas dificuldades e emoção, não perdoando os erros. Ainda que o segundo e o terceiro, com a lide, ganhassem tendência para as tábuas, apenas o quinto destoou revelando menos codícia.
Luís Rouxinol é cavaleiro de regularidade impressionante, dificilmente está mal. Teve a sorte do melhor lote de toiros, mas soube aproveitá-los com bregas cingidas e criteriosas lidando realmente os toiros. No seu primeiro colocou três compridos e três curtos, seguidos dum palmito e um par de bandarilhas, em crescendo, destacando-se o primeiro e segundo curtos e o par de bandarilhas no centro da praça. No segundo aplicou três compridos de boa nota e foi em crescendo colocando cinco bons curtos e uma rosa dando primazia ao toiro e avançando lentamente. Noite de triunfo inquestionável.
Marco José também triunfou na sua terra, com bregas vistosas, sempre muito calmo e com temple. Colocou três compridos, muito bom o primeiro e o terceiro, seguidos de dois curtos, um bom violino cingido no centro e um palmito. No segundo, toiro mais difícil, deu-lhe a volta inventando uma lide com três compridos e dois curtos bons, mais dois violinos com destaque para o primeiro, ao estribo.
Ana Batista é cavaleira de créditos firmados, mas esta não foi a sua noite, mostrando-se irregular e desinspirada com ferros a cair, saídas em falso e falhou o segundo toiro várias vezes. Pelo meio da irregularidade deixou um bom comprido e dois cesgos de qualidade no primeiro toiro e um comprido e dois curtos interessantes no segundo.
Quanto aos forcados, ambos os grupos estiveram diligentes, coesos e esforçados dando as vantagens aos toiros e contornaram as dificuldades dos Silvas que não foram fáceis.
O Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca de Xira pegou o primeiro por David Moreira que citou bem, recuou evitando o ensarilhar da investida e fechou-se com o grupo a ajudar bem e o toiro a empurrar para o solo.
O segundo foi pegado à terceira tentativa por António Faria bem fechando com ajuda um pouco mais em cima do grupo empurrado contra as tábuas. Na primeira citou bem mas foi “fintado” pelo toiro que passou ao lado e na 2ª fez tudo bem mas o grupo não conseguiu aguentar a violência do toiro.
O terceiro foi pegado por João Maria Santos à terceira entrada numa cernelha poderosa e emotiva depois de não ter aguentado na 1ª entrada e de se ter agarrado mal à segunda. Fabuloso esteve nas três tentativas, como aliás toda a noite, o rabejador Carlos Silva, como é hábito.
O Grupo de Forcados Amadores de Caldas da Rainha pegou o seu primeiro pelo cabo Francisco Mascarenhas, pleno de técnica e força, pegando quase sozinho depois de ter conseguido provocar a investida do relutante toiro, o grupo ajudou bem mas o toiro já estava dominado.
O segundo foi pegado à segunda tentativa por Vasco Félix da Costa corrigindo inteligentemente o que fizera na primeira onde foi despejado com um derrote violento. Recuou mais e logrou uma pega boa e dura com o grupo a corresponder eficazmente.
O terceiro toiro deu, a pega da noite a António Gonçalves da Cunha que citou de modo castiça e bonito, recuou e alapou-se na cara do toiro com braços e vontade aguentando uma série de derrotes com o Silva a desviar a trajetória fugindo ao grupo.
Uma palavra final para a direção de corrida sóbria e equilibrada e para o brilhantismo da Banda Comércio e Indústria que alegrou o espetáculo com relevo para o passodoble Marco José estreado esta noite acompanhando toda a primeira lide do cavaleiro.
Rui Lopes
rjnlopes@hotmail.com