A economia que temos… ou queremos?

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Boa localização geográfica, excelentes acessibilidades, proximidade à capital e ao aeroporto e impostos baixos, são algumas condições que um investidor considera. Se fossem as únicas, estaríamos nós bem, porque tínhamos tudo, mas ao contrário do que alguns pensam, não são. Outros e mais importantes fatores, estão no topo da avaliação.
Desde logo, a captação de investidores, é uma tarefa permanente que requer iniciativa de quem carece de investimentos e nunca está terminada. O capital, é um bem escasso, que não tem localização geográfica, nem tempo a perder. Quer isto dizer, que outra condição fundamental, é a rapidez e eficácia da resposta a dar.
Estas são talvez as duas condições fundamentais para “seduzirmos” um empresário. É assim em qualquer parte do mundo.
Há quem desespere durante anos, por uma resposta que invariavelmente, ou não vem, ou acaba por ser negativa. Mas há outros, bem perto de nós, que fazem este trabalho e por isso crescem, enquanto nós definhamos e perdemos importância regional.
E nós, em Caldas da Rainha, desde há décadas que não preenchemos estes requisitos fundamentais para atrairmos empresas. Não temos essa capacidade. Éramos uma cidade comercial de eleição e ficámos convencidos de que a fama e o proveito duravam para toda a vida. Nunca percebemos que os paradigmas mudaram. Era preciso adaptarmo-nos às novas circunstâncias e correr atrás do prejuízo, mas nunca corremos. Seja porque não sabemos, por acomodação, ou pior ainda, por julgarmos que estamos bem e basta assim.
E não existe outra fórmula de desenvolvimento económico de um território, que não seja o investimento privado / reprodutivo, como meio de criação de postos de trabalho e gerador de riqueza. É essa riqueza que está na base do desenvolvimento social por todos ansiado. Não existe desenvolvimento social, sem desenvolvimento económico.
Por cá, não conseguimos tão pouco, transformar uma espécie de “zona industrial”, ruinosa, com edifícios abandonados e urbanisticamente arcaica, em “Parque Empresarial” moderno e apelativo.
Já referi nesta coluna a importância do termalismo e da lagoa para a economia do concelho, como recursos naturais com que fomos presenteados. Ambos em estado de estagnação. Como se isso não bastasse, a captação de empresas não tem nenhuma estratégia, nem se percebe a importância de tal desiderato.
A política é outra e tem como base, a polvilhação de subsídios sem critérios, por tudo quanto é sítio. Uma fórmula, que tem resultado em pleno na captação de votos. Mas não é assim que nos desenvolvemos. Se não vejamos.
A Câmara de Calda da Rainha, apresentou em 2013 um resultado negativo de 430 mil euros, que em 2014 passou dramaticamente para 2,1 milhões de euros. No mínimo, preocupante. Mas faz-se de conta que está tudo bem e estaria, se estivéssemos perante gastos relacionados com a dinamização da economia. Nada mais errado. Na sequência da mesma política, a atribuição de subsídios aumentou 20%, pode constatar-se. Mais, quando olhamos o Relatório de Gestão, verificamos que em 132 páginas, apenas 5 são dedicadas ao capítulo “Desenvolvimento Económico” e como atividades, são referidos apoios a eventos locais, que nada contribuem para esta ação fundamental de captação de empresas / investimentos.
Seria interessante, se percebêssemos que para 2015 alguma coisa se iria alterar. Mas quando verificamos as Grandes Opções, fica evidente a mesma falta de estratégia, a mesma falta de visão, quando constatamos que em rubricas tão fundamentais, encontramos as seguintes dotações, apenas como exemplos: ”Plano Municipal de Incentivos à Captação de Empresas” – 1.000,00 euros, “Área de Acolhimento Empresarial das Caldas da Rainha” – 1.000,00 euros, “Centro de Inovação, Competitividade e Serviços” – 1.000,00 euros. Estamos conversados.
Se as “contas” dizem tudo sobre a gestão, os “planos” não deixam dúvidas quanto às intenções. E é assim que continuamos cantando e rindo, parados e estagnados.

Rui Gonçalves
rgarquito@sapo.pt

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