Luís Gomes
empresário
No terceiro trimestre de 2022 Portugal consumiu mais de 70% de energias não renováveis, sendo que o gás natural representa cerca de 80% desse valor.
Com a crise energética, que estamos a ultrapassar, torna-se fácil observar que a dependência de gás é enorme. A razão do disparar de preços da eletricidade fica a vista.
Na Europa 17% da necessidade energética é coberta pela energia nuclear. Esta é alimentada por 128 centrais.
Por um lado, a vizinha Espanha quer até 2035 encerrar todas as suas centrais, por outro lado França quer fazer o oposto. Qual é então a posição da União Europeia?
A maior parte da restante fatia da energia não renovável consumida em Portugal é proveniente da energia nuclear. Por um lado, queremos ser anti energia nuclear, por outro lado a europa produz e nós consumimos em nossas casas. O maior argumento para não querer a energia nuclear é a insegurança e o lixo radiativo.
A central nuclear de Almaraz, em Espanha, está situada a cerca de 100 km da fronteira portuguesa e é arrefecida com águas do rio Tejo.
Bastará uma fronteira para resolver os problemas de segurança?
As fronteiras conseguem conter pessoas, mercadorias. Contudo não conseguem conter o clima, a poluição nem tão pouco a radioatividade em caso de acidente.
Isto dá para fazer uma pequena comparação com o que foi feito em Portugal, este ano, nas centrais alimentadas a carvão. Estas centrais foram quase todas desativadas. Mas ao olhar para Marrocos quase é possível ver uma coluna de fumo negro a sair de uma central térmica que é alimentada a carvão.
Ao verificar que uma União Europeia que tem leituras diferentes para o mesmo assunto, de que lado queremos ficar?
Ficar na mão dos oligarcas do gás e rodeados no preconceito?
Bem, enquanto isto vai acontecendo, a vizinha Espanha e França produzem a energia atómica que acabamos por consumir em nossas casas.
Quer pelo preço e competitividade da eletricidade, quer pela diminuição do CO2, quer pelo lado da seca, nós precisamos de seguir urgentemente o exemplo nuclear dos países europeus liderados pela França e do Japão.