«Este Eduardo e outros retratos» de Eduardo Olímpio

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Gazeta das Caldas
| D.R

Eduardo Olímpio (n.1933) foi empregado de balcão, seareiro, futebolista profissional, tradutor, revisor tipográfico, editor e livreiro tendo-se estreado na Literatura em 1954 com o livro «As esmolas do mendigo». Poeta, ficcionista, autor de literatura infanto-juvenil, Eduardo Olímpio reúne neste livro de 85 páginas 53 poemas «pessoais» juntando ainda o da contracapa. Como o título indica, os poemas são «retratos» no sentido em que retratam um olhar poético de dupla inscrição: 28 dizem respeito à Literatura mais o poema da contracapa e 25 ao Panteão Privado do autor. No primeiro caso temos: Eduardo Olímpio, Florbela (Espanca), Ary (dos Santos), Augusto Deodato Guerreiro, Raul de Carvalho, Manuel da Fonseca, Antunes da Silva, Irene Lisboa, Carlos Queiroz, Fernando Fitas, Sophia (de Mello Breyner) António Nobre, Alexandre O´Neill, Sebastião da Gama, Rafael Alberti, Natália Correia, Eugénio de Andrade, Herberto Helder, Luís F. Maçarico, Henrique Madeira, Cesário Verde, Lorde Byron, Cesariny (Mário), José do Carmo Francisco, António Salvado, Ivone Chinita, Cândido da Velha e Luís de Camões. No segundo caso registamos: Matateu, Cristiano Ronaldo, Francisco de Assis, Rosa Calado, Catarina Eufémia, Antónia Cristiana, Ana Espada, José Espada, Corina Amália, Maria do Céu Guerra, Mário Espada, João Rodrigues, Manuel Xarepe, Paco Bandeira, Maria João Pires, Martinho Marques, Sérgio Godinho, H. Mourato, Domingos de Carvalho, Gisela Cañamero, Custódio Rita, António Damas, João Honrado, Salgueiro Maia e Vasco Gonçalves.
Como convite à leitura um excerto do poema «Os poetas sabem tudo», uma «arte poética» que não está dirigida a nenhuma figura, sendo um retrato mas da Poesia enquanto disciplina: «Os poetas, porque sabem tudo, cantam como Bocceli e não sabem cantar, correm como Zatopek e não sabem correr, dançam como Nureyev e não sabem dançar. Um dia serie poeta e saberei tudo. Como Mayakovsky. Como Neruda. Como Pasolini. Como Bertolt Brecht. E direi, como dizem todos os poetas que sabem tudo, que o lugar do homem é dentro de todos os homens, pisando os mesmos outeiros e barrancos, segurando as mesmas foices para o mesmo pão. Mas os poetas que sabem tudo, cuidado, que de política o que sabem é que Oradour-sur-Gane é uma aldeia, Guernica um quadro de Picasso e Dachau um campo de golfe com cadáveres à solta.»
(Editora: Fast.Livro, Colaboração: Maria Melo/Vitorino Martins).