Família, não se escolhe. Os amigos sim!

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Mónica Gaspar
psicóloga

Não há famílias ideais, cada um de nós está em processo de aprendizagem e adaptação. Sempre que se forma uma nova família, há desejos, há esperanças e há sonhos. Tudo o que fazemos, e fazemos com amor, está ou tem, tanto de certo, como de errado.
Mas o que estará a falhar, para cada vez mais, ouvirmos a frase: Família, não se escolhe. Os amigos, sim! Não retiro a importância de certas pessoas que passam na nossa vida e com o seu toque ou presença se tornem muito importantes ou partes da nossa vida. E claro, não finjo que não existem pessoas que devido ao seu comportamento e a atitudes geram caos, angústias, desequilíbrios e indiferença. Mas esses nunca foram parte do Nós.
O que me preocupa é onde fica a família nesta caminhada. Porque, muitos de nós, acha que a família não é capaz de desempenhar o papel do amparo que o amigo dá? Que lugar especial a colocámos? Que guardiões achamos que devem ser? O que é uma boa família? A distância que se vai criando, virá deles ou virá de nós? Será que esperamos mais do que são capazes de nos dar e nós somos realmente tudo o que desejam ou desejaram? Somos ou mostramo-nos aos amigos, quem realmente somos? Ou as atitudes mais infantis, bizarras ou rancorosas guardamos somente para os “nossos”? Quem desistiu de estar presente, nós ou eles?
Família faz parte daquilo que somos, é a que nos oferece os genes e os exemplos. É onde temos guardados os cheiros da infância e o afeto. É quem nos ofereceu carinho, alimento e amor. É talvez aos nossos olhos um lugar que devia ser sempre aconchegante, um porto seguro e perfeito. Contudo, como é um espaço composto por seres humanos, terá sempre os seus problemas e defeitos. Se calhar esperamos dela mais do que aquilo que nos pode oferecer, porque talvez nos tenha feito promessas a mais, ou porque alguma vez errou ou omitiu, escondeu segredos ou mostrou que tem medos, quando os achávamos invencíveis ou capaz de nos proteger sempre. Há famílias que pelas suas peculiaridades se perderam neste processo. Se calhar, devíamos de deixar de fantasiar tanto as famílias, como todas as outras coisas. Cada um de nós é um ser único e magnífico, dentro de tantas imperfeições.
Hoje 15 de Maio, Dia da Família, gostem do que têm, sem sonhar sempre com mais; mudem o que acham que poderia ser modificado; afastem-se, mas pensem porque o estão a fazer, para que não se volte a repetir com vocês; ajudem ou ensinem quem não teve bons exemplos; expressem sentimentos e valorizem enquanto o podem fazer; construam memórias, essas sim são o maior bem que podem deixar. ■

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