José Luiz de Almeida Silva
Qualquer caldense, mas também inúmeros visitantes habituais da nossa terra, têm uma ligação muito forte à Foz do Arelho e à Lagoa de Óbidos, não sendo raros que considerem ambas (ou o conjunto que é indissociável) os mais exaltantes espaços costeiros e lacustres do país e mesmo do mundo (aqui o exagero perdoa-se pela grande estima de quem assim pensa).
Para aqueles que muito gostam da Lagoa e da Foz, a deslocação até lá, não tem época, mês, dia da semana ou hora, porque ali cada momento tem a sua beleza e a sua inexplicável atração, quer seja pelo som das suas ondas e do vento, ou das gaivotas, pelo odor do mar, pela violência das suas ondas, como pela calmaria de outros momentos, uma espaço onde regurgita a biodiversidade de aves migratórias ou residentes, como de uma riqueza piscícola e de mariscos, ou seja, uma inexplicável conjugação de situações que marcam a cada um no seu profundo sentimento de admiração pela natureza.
Todos nós teremos uma (muitas provavelmente) história, momento, partilha, situação, que iremos arrastar para o infinito da nossa vida e que se passou naquele local prodigioso. Quantas pessoas eu encontro e que têm sempre (pelo menos) uma história pitoresca passada na Foz para contar.
A Foz do Arelho está a comemorar festivamente nesta momento o 15º aniversário da sua subida a Vila, mas para a maioria daqueles que gostam da Foz e da Lagoa, o que provavelmente podíamos estar a comemorar eram também os séculos daquele biótopo ou ecossistema complexo e instável, belo e incerto também por isso mesmo, e que tem cada vez mais de viver numa harmonia sustentável e sustentada, que seja uma referência num mundo cada vez mais problemático e agressivo para o homem, face às alterações climáticas. ■