José Luiz de Almeida Silva
Recordo bem as primeiras feiras da fruta e a produção atomizada, de minifúndio, com fruta que não obedecia às normas do comércio internacional, mais destacada pelas caraterísticas regionais e nalguns casos pelas formas e pesos surpreendentes de alguns espécimes, do que por outra coisa.
A iniciativa caldense dos finais dos anos 70, tinha muito de objetivo de fazer animação no período estival, que seguir a evolução natural do amadurecimento dos frutos, pelo que nunca conseguiu compatibilizar os dois objetivos, mas mostrava mesmo assim um potencial regional que se veio totalmente a confirmar.
Hoje a região é um dos maiores produtores mundiais de certos géneros frutícolas, nomeadamente da maçã de Alcobaça, da pera rocha do Oeste (ambas entretanto registadas como marcas de origem, para além da Ginja de Óbidos) e de outras espécies, localizando-se por aqui alguns dos exportadores mais importantes do país, em que a estação frutícola Vieira Natividade de Alcobaça e muitos técnicos que por aqui trabalharam tiveram um papel importante, transformando-o num objetivo estratégico central em termos nacionais.
Provavelmente a região globalizou-se de alguma forma, especialmente em termos agrícolas nestas espécies frutícolas, ficando para trás alguns setores industriais que foram muito importantes, com exceção da cerâmica que ainda tem um papel significativo porque no resto da Europa perdeu importância, emergindo, pelos valores exportados, um setor inesperado ligado à produção de veículos aéreos não tripulados (os conhecidos drones), que criou o seu próprio unicórnio. Zé Povinho de Bordalo não adivinhava tal mudança…
A maioria dos leitores provavelmente não esteve atento a estas transformações no tecido económico regional, mas será de contar com elas nos próximos anos.


































