Desde há muito que se ouve falar dos “Amigos de Peniche” e da sua história…. mesmo na doçaria local.
Mas, como se sabe, contrariamente ao que muitas pessoas pensam, estamos a falar de falsos amigos, de um parceiro desleal, aquilo que em “vox populi” se designa por um “amigo da onça”.
Quando os soldados ingleses desembarcaram na praia da Consolação para virem ajudar Portugal, que estava em guerra contra o domínio de Filipe II de Espanha, num primeiro momento, ainda tomaram o Forte de Peniche que estava nas mãos dos Espanhóis, mas depois na sua marcha para Lisboa, saquearam tudo o que encontraram. Atouguia da Baleia, Lourinhã, Torres Vedras, Loures…
Contrariamente aos amigos de Caldas da Rainha.
Esta terra das águas mornas, das termas, da Rainha D. Leonor como padroeira, tem uma sensualidade própria.
Caldas da Rainha tem uma capacidade de atração para fazer amigos.
Gente que de algum modo, por razões pessoais ou profissionais se interligaram com a cidade, e que mesmo passado muito tempo, ainda a recordam.
Uma cidade, que no tempo da Segunda Guerra Mundial, recebeu muitos refugiados.
Onde as noites se passavam nos bailes do Casino.
Era uma cidade “chique”.
Participativa, um dos últimos concertos de José Afonso, já doente, realizou-se no Pavilhão da Mata, que esgotou.
Onde a Casa da Cultura surgiu como expoente de uma época…
Também, os milhares de mancebos, que por uma causa, hoje questionável, e já na época, também, para alguns, aqui fizeram a sua especialidade de furriel, antes de embarcarem para África.
A expressão “o das Caldas “ que nunca se perdeu, apesar do pudor de alguns. E que hoje a Confraria do Príapo tenta recuperar.
Caldas da Rainha uma cidade conservadora, que aos poucos tenta despertar de uma letargia de muitos anos, onde abundam museus, alguns de primeira água.
Onde existe uma Escola de Artes, sempre um pouco de costas viradas para a cidade e vice-versa.
Cidade esta que tem uma das maiores salas de espetáculos do País, mas onde a programação segue, há muito, uma linha discutível.
Aqui fica um desafio, historiadores, sociólogos, enquadrem a cidade e estudem-na bem.
Pois, Caldas da Rainha é aquilo a que se chama um “amor para sempre”.
Quando estou a terminar esta última crónica, gostaria de agradecer à Gazeta das Caldas o seu convite para as escrever.
Foi com enorme prazer que o fiz, mas também, algumas, com alguma dificuldade, como bem sabe a redação.
Telefonema, mensagem, a redação quer fechar o jornal.
Já passa da meia-noite e o artigo não aparece.
Mas lá vamos nós para o computador…
Aqui fica o meu muito obrigado ao Carlos Cipriano, pela paciência…
Por fim, e como costumam dizer alguns políticos, vamos andar por aí, por aqui…
Agora um pouco mais por Lisboa.
Mas Caldas da Rainha ficará para sempre na memória.
“Wonderful place”!