Antes de mais, gostaria por explicar como surgiu o Caixa Negra. Foi numa cadeira de Estudos Urbanos lecionada pelo Professor João Serra no Mestrado de Gestão Cultural da ESAD, e foi graças ao seu desafio de estudarmos uma cidade, qualquer ela que fosse, que surgiu em mim a ideia, de fazer um levantamento do capital humano das Caldas da Rainha, nesta cidade onde uma comunidade me acolhe e onde me sinto plena. Já o arquitecto Graça Dias tinha escrito o seu livro “Ao volante pela cidade” onde entrevistou algumas dezenas de arquitectos a propósito do urbanismo da cidade de Lisboa. No meu caso, inspirada por estes dois pensadores e levada emocionalmente pelo afecto que sinto pelos Caldenses, decidi retribuir com este trabalho que dedico a Caldas da Rainha.
João Serra, tem um percurso já muito conhecido por todos nós, tendo sido chefe da Casa Civil da Presidência da República, foi mais tarde o comissário de Guimarães Capital Europeia da Cultura em 2012. Além de tudo mais é um homem de elevado sentido moral, que faz do seu relacionamento com os demais uma prezada experiência de serenidade e um enorme privilégio ao tempo que dedica a quem partilha com ele os projetos em prol deste País. No caso de Caldas da Rainha, e em preparação para a candidatura de cidade criativa da UNESCO de Crafts and Folk Arts, tenho em mim a confiança de que os seus méritos e fácil adaptação a desafios de elevado rigor e exigência, são o garante de que a sua equipa poderá certamente caminhar no sentido de um projeto que garantirá uma valorização do tecido criativo da cidade, dos seus atores, da sua iniciativa, no despertar de inúmeras possibilidades que muito valorizam Caldas da Rainha. Em suma, a MOLDA, Bienal de cerâmica que decorre neste momento e cuja visão é a de uma agregação e valorização por todos os ceramistas que dela fazem parte, é a estruturação de uma série de iniciativas que muito valorizam a cidade e cujo cunho de qualidade, pensa num legado a médio longo prazo, onde a inovação e a diferenciação são a garantia que um projeto como a UNESCO aprecia. Estou por isso muito confiante de que esta viagem, onde o Professor João Serra nos leva, é um caminho que independentemente do seu resultado, ou seja da validação da UNESCO ou não, conduzirá a que a cidade possa estruturar uma rede funcional em que os seus atores, largas dezenas de ceramistas de autor, centenas de empregados fabris e muitos milhões de euros de investimento no setor da cerâmica, estão certamente entregues a alguém cuja experiência e visão é a de um futuro próspero.
Num continuo processo de investigação, análise, estudo, e com meia vida dedicada a esta cidade, João Serra é reconhecido entre os seus pares como alguém cujo voluntarismo e dedicação à causa académica, fazem dele o comissário emocional que esta cidade necessitava para nos levar com ele nesta viagem. Já recentemente com a aceitação da cátedra da UNESCO cujo objetivo é estimular a articulação entre centros académicos e de investigação e as instituições sociais, de modo a encontrar propostas inovadoras que enriqueçam a actividade e perspectivas de ambas, neste caso com comunidade Lusófonas e da América do Sul, valida-se mais uma iniciativa que muito vem apoiar neste caminho para um futuro melhor e mais diferenciado, desta vez com sede na ESAD de Caldas da Rainha. Obrigada Professor!!!