José Luiz de Almeida Silva
Até há um pouco mais de cinco décadas (marco assinalado pelo 25 de Abril de 1974) as iniciativas jovens, levadas a cabo de forma organizada ou menos formal, eram possíveis, mas simultaneamente vigiadas, e, em muitos casos, perseguidas e violentamente desmanteladas pelo Estado Autoritário.
Em muitas destas iniciativas os jovens “refugiavam-se” nas organizações culturais, desportivas e recreativas, associações de estudantes universitárias (por vezes toleradas), tendo sempre a ameaça de perseguição, caso ultrapassassem os limites impostos pelo sistema, quando discutiam e colocavam questões como da ausência de liberdade, da repressão policial, dos limites à expressão cultural, da censura, da guerra colonial.
É, pois, com grande regozijo que acompanhamos nesta edição a iniciativa de jovens locais, organizados autonomamente e, ao que parece, sem as rédeas institucionais tradicionais, recebendo do município o mínimo acompanhamento sem interferências programáticas, fazendo jus à capacidade de iniciativa e de expressão autónoma, em projetos de interesse comum.
Este grupo de voluntários, que já chega quase à centena, utilizando os novos meios permitidos pela internet, oferece à sociedade que os cerca uma expressão de um “novo empreendedorismo” sócio-cultural, contando com uma forma de voluntariado benévolo e sem contrapartidas materiais, que é hoje usual também nas sociedades liberais que querem principalmente privilegiar o lucro e o interesse pessoal material.
Os dois modelos podem viver em paralelo, tendo em conta que o do voluntariado é muito apreciado pelos jovens, especialmente nas sociedades de países mais avançados, que assim dão o seu contributo solidário para a sociedade que os cerca. ■
Gostei de ler o comentario Opiniao que fez uma analise a realidade antes do 25 de Abril de 1974.E sempre bom nao esquecer a liberdade e claro a censura que existia antes.