Manuel Barata (n.1952) junta neste livro de 100 páginas 46 retratos de pessoas naturais da freguesia da Mata ou a ela ligadas. Na página 7 do livro explico num texto de 6-12-2018, de modo resumido, o que sinto pelo livro: «Habituado por quarenta anos de jornalismo dito cultural a resumir, sintetizar e simplificar, vejo neste livro uma autobiografia na terceira pessoa do plural. Parece contraditório mas não é. Porque, contando as histórias dos outros, o autor conta-se a si próprio, integra-se e passa a fazer parte de um todo. O mesmo é dizer uma aldeia só com uma estrada para ir e para vir, os seus conflitos, palavras, sacrifícios, alegrias, ócios e negócios, vida e morte. Em ponto grande. Que é o ponto da paixão. Manuel Barata junta no seu trabalho a herança de dois mestres da nossa Literatura: Camilo e Eça. Do primeiro aquela certeza de que a poesia não tem presente – ou é sonho de futuro ou saudade do passado. Do segundo outra ideia, a de que as ocupações humanas tendem a explorara o Homem mas contar histórias é outra coisa – entretém o Homem o que, quase sempre, equivale a consolá-lo». Dito de outra maneira: uma viagem pelo Mundo da Mata (Castelo Branco) na segunda metade do século XX, uma viagem também ao lado de dentro da alma, uma aldeia em radiografia sentimental.
(Edição: RVJ Editores Lda, Design: André Antunes, Foto: Irene Felizardo)