MEMÓRIAS III

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Rosa Machado
Técnica Superior de Biblioteca e Documentação

Daí para a frente, felizmente, nunca mais deixei de trabalhar: em Julho de 1975 (nesse dia, tive uma inundação em casa) , entrei para a secretaria da Secção Liceal, nos Pavilhões do Parque.
De manhã, o café era tomado no Convívio, onde o Sr. Manuel ou o Sr. Roque o serviam ao canto do balcão, logo à direita da entrada; depois do almoço, era na Zaira.
Quando me lembro que à hora do almoço vinha a casa fazer o dito para o cônjuge: ainda passava pela praça e lá vinha eu por aí acima (de sapato alto). E pouco depois, lá ia por aí abaixo, a 100 à hora.
Deixei de o fazer quando engravidei, estava pesada demais para essas correrias.
Almoçava no refeitório; uma vez, ao subir as escadas oiço uma voz atrás de mim: “Com que então a engravidar para ter direito aos 3 meses!” Estávamos em Fevereiro e até então a licença de maternidade era de 1 mês; tinha saído o decreto que dava direito aos 3 meses. Virei-me na escada, com a minha enorme barriga (na minha gravidez, fiquei enorme, da cabeça aos pés: (engordei 25 Kgs!!!) mesmo em cima de quem tinha falado e respondi. “ Pois foi! Fiz isto de ontem para hoje! “
A minha maior glória: Junho de 1976, nasceu a minha filhota, a Inês!
E já tenho uma netinha, a Ivone, cujo nome recorda a bisavó paterna, a seu tempo directora-técnica da Farmácia Central.
Também cheguei a almoçar no Café Lusitano, onde pela primeira vez comi coelho com feijão branco…
Já todos desapareceram: o Lusitano, o Flor de Lis, o Convívio, a Zaira, e tantos outros!!!
Nessa época, a cidade fervilhava de vida: à noite, passeava-se na Praça, faziam-se “piscinas”; os cafés enchiam-se para uma última “bica” e conversa entre amigos .
Íamos ao cinema, Pinheiro Chagas, Salão Ibéria, Estúdio UM: todos desaparecidos…
Agora, vou com a minha neta ao cinema no centro comercial, e é uma vergonha: crianças com os pés na cadeira da frente, e as mãezinhas no telemóvel; cheiro a pipocas e barulho de mastigação …
Da secção liceal, ainda hoje encontro antigos alunos, o que me dá uma enorme satisfação! É sinal que estamos todos por cá!
Falei na Praça da República, vulgo Praça da Fruta; anteriormente Praça D. Maria Pia; e antes ainda, Praça do Rossio, Rocio da Vila.
Foi também nesta praça, que a rainha Dª Maria Ana, esposa de D. João V, mandou construir, em frente ao Pelourinho da Vila, um edifício que servisse para as casas da câmara, cadeia, açougues.
Aqui existiu a Ermida de Nª Sra do Rosário, construída no séc XVI e demolida no séc XIX, devido ao seu avançado estado de degradação. ■