Memórias IV

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Rosa Machado
Técnica Superior de Biblioteca e Documentação

Ainda sou da época em que o pagamento aos funcionários públicos se fazia em dinheiro: todos os meses, lá íamos nós, a Otília e eu, às Finanças (a Repartição ainda era ao pé da Rodoviária), devidamente munidas com um saco (desfiz-me dele não há muitos anos), para levantar o numerário. Nunca entendi porque é que estes pagamentos se faziam no balcão, à frente de toda a gente.
Regressávamos ao serviço, de braço dado, o dito saco ao meio, e a ver se alguém que lá estivesse, nos vinha a seguir… Hoje, acho piada, mas na época, não era assim tão engraçado.
Anos depois, passou a pagar-se por cheque, e só bem mais tarde, por transferência bancária.
Ah, as folhas de vencimento, eram feitas à mão, claro (os nomes eram batidos à máquina, a de carreto grande), em triplicado, a tempo e horas, para enviar para a Contabilidade Pública, que depois enviaria o documento para apresentar nas Finanças. E isto depois do Srs José Pedro, Pronto, Hermínio, nos trazerem as faltas dos professores….
Quantas vezes as trouxe para casa para as acabar em cima da minha mesa da casa de jantar, que era bem comprida; sim, porque se eu queria receber a horas, como todos, havia que trabalhar bastante para isso.
Fiz de tudo um pouco, o que foi muito bom. Alunos (a área de que mais gostei), Pessoal, Secretariado de Exames, Tesouraria.
Depois, lá fomos para o Bairro dos Arneiros, como Escola Secundária Raul Proença, onde trabalhei e estudei à noite.
Mais tarde, passei para o quadro do Museu de Cerâmica.
Aqui, depois de anos de serviço administrativo, deu-me muita satisfação instalar um Centro de Documentação, imprescindível para qualquer Museu. Ficou um livro de inventário e uma base de dados de toda a documentação existente.
Anos depois, fui requisitada para a Comissão Instaladora da ESAD: trabalho difícil, e que, pelos seus frutos me deu imensa satisfação. Se fosse preciso, o trabalho arrastava-se até altas horas… Os que hoje lá estão nem sonham o quão difícil foi erguer aquela Escola, contra ventos e marés: a nosso favor, só o então Presidente da Câmara; calculo que daí advenha o esquecimento de quem tanto fez por isso. Digo isto, porque o nome do obreiro da ESAD (Presidente da Comissão Instaladora), não consta do protocolo da Escola, o que é da mais profunda ingratidão. Sem ele, o projecto teria ficado na gaveta, como todos os envolvidos sabem.
Como já tinha concluído a Pós-Graduação, em 1999 concorri para técnica-superior de BAD (Biblioteca, Arquivo e Documentação), e fui colocada em Lisboa. ■

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