MEMÓRIAS IX

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Rosa Machado

Técnica Superior de Biblioteca e Documentação

Em finais dos anos 30, o meu Avô materno, Manuel Fran Paxeco, diplomata de carreira, por questões de ordem política com o então Secretário-Geral do MNE (monárquico convicto), que não gostava dele, foi mandado regressar “ à base “.
Ficou mais de 20 anos no Brasil, período durante o qual empenhou muitos esforços para desenvolver as relações comerciais e literárias entre os dois países, tendo, por ex. organizado em 1903, um congresso luso-brasileiro.
Em Cardiff, criou a cadeira de Língua Portuguesa no Technical College, e com os seus protestos, contribuiu para que o nome da Ibero American Society fosse mudado para “Hispanic and Portuguese Society”.
Um Homem que tanto fizera por Portugal e pela Língua Portuguesa foi colocado atrás de uma secretária, no MNE. Não durou muito: um AVC retirou-lhe os seus maiores meios de comunicação: a fala e a escrita.
A pessoa em questão, eminência parda do MNE, teve um fim pouco digno: morreu aos pés da Rainha D. Amélia, na sua despedida de Portugal.
Daí eu nunca ter gostado de política.
Mas, enquanto o mal não o atingiu, levou a minha Mãe a conhecer o seu País, tendo passado pelas Caldas da Rainha: tenho as fotos tiradas nessa altura, no Parque D. Carlos I.
Mal sonhavam eles, que um dia, uma descendente para aqui viria morar….
Outra coincidência, é o facto de, na toponímia caldense existir a rua “General Queiroz” : ora foi exactamente por causa dessa figura, que o meu Avô materno, teve que fugir de Portugal, isto em 1895.
Embora já tenha ido pesquisar no Arquivo Histórico Militar, continuo à espera da pág. de Toponímia das Caldas da Rainha, para saber algo mais sobre aquele militar.
Pelo nascimento da minha neta, plantei aqui no jardim uma cerejeira do Japão (eram duas, mas só uma pegou); a escolha deve-se à lembrança da canção que em criança ouvia nos LP’s do meu Avô: “Cerejeira do Japão …”, que sempre me ficou no ouvido.
Quando a Ivone (a minha neta) vem ficar comigo, e se o tempo o permite, gosta de ir para o jardim, o que é óptimo: com ela, fiz o que nunca tinha feito e ela tem toda a razão, sabe muito bem mexer na terra com as mãos!!
Plantamos florinhas, que nem todas pegam, mas não faz mal; para a próxima, voltamos a mexer na terra, e plantamos mais.
E vamos plantar flores para as abelhas, pois como Einstein disse, “se as abelhas desaparecerem da face da Terra, a humanidade terá apenas mais quatro anos de existência”. ■

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