Rui Vieira
Gestor
Cada vez mais acredito que o empreendedorismo se resume à arte de estar tranquilo num mar agitado.
Mas esta não se revela uma tarefa fácil de executar, é muito difícil mantermos a tranquilidade quando o mar se agita, a nossa tendência é agitar-nos também.
Por outro lado, quando o mar se acalma, eu tendo a acalmar-me também e nem sempre esta é a melhor forma de reagir ao momento.
Muitas vezes, quando as coisas estão calmas, nós, empreendedores, temos de despertar, e quando o mar está agitado, revoltado, implacável até, devemos conseguir ter a capacidade de permanecermos calmos.
Este fim de semana assisti a um filme com a Laetitia, e numa das cenas, a personagem dizia: “no meio da tempestade, eu agarro-me a ti e espero que passe.”
A vida não é um filme de hollywood, mas esta parte do guião fez-me pensar que a atitude da personagem está tão distante da minha realidade e é claro que passei o resto do filme a pensar neste tema.
Em mim, há uma vontade natural de nadar mais rápido à medida que a corrente fica mais forte.
A capacidade de permanecer calmo, agarrar-me a quem mais amo e acreditar que a solução vai chegar, é um caminho tortuoso que ainda estou a aprender a percorrer.
Enquanto escrevo isto, naturalmente preciso de me convencer que não estou a arranjar subterfúgios para não resolver problemas, estou neste processo difícil de tentar estar calmo, no meio de um mar revoltado.
Se pudesse resumir o que aprendi nestes 15 anos de empreendedorismo, diria que a razão de empreender tem muito mais que ver com o impacto que a minha ausência provoca na equipa e consequentemente no negócio do que no impacto da minha presença.
Quando aprendo a esperar, as pessoas ao meu redor percebem mais rapidamente que sou como eles, não tenho soluções para tudo e precisamos de respirar e esperar pela solução certa.
Talvez neste tempo de espera, finalmente perceba que há soluções melhores que as minhas, e felizmente estas podem vir da minha equipa. Quando entendo que minha ausência é importante, passo a dar mais importância aos momentos em que estamos em equipa. Há beleza na ausência, na espera, na calma.
Nesta caminhada os braços do empreendedor caem de cansados, o olhar também, e é mais que evidente que bastantes vezes não somos a melhor companhia para se desfrutar, afinal de contas, estamos todos no processo de aprender a boiar num mar agitado.■