Não em Nosso Nome: A Vergonha da Cumplicidade Internacional

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Caro Leitor,

No último artigo que aqui trouxemos, falámos sobre o cessar-fogo em Gaza. Desta vez, trazemos a situação na Cisjordânia, que é preocupante e tem de ser denunciada.

Desde o dia 19 que o exército de ocupação, tendo descansado as suas armas em Gaza, mudou de alvo para a Cisjordânia. Esta região palestiniana está numa situação diferente de Gaza e, por isso, merece alguma contextualização.

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A Cisjordânia, desde os Acordos de Oslo, foi dividida em três áreas distintas: a Área A, que seria governada totalmente pela Autoridade Palestiniana (AP); a Área B, controlada parcialmente pela AP e por Israel; e a Área C, que equivale a 60% do território e que deveria passar também para o controlo da AP.

Acontece que esta última nunca foi devolvida aos palestinianos, mantendo Israel o controlo total, em clara violação dos acordos. É aqui que Israel tem construído colonatos ilegais.

Reforçamos, mais uma vez, que os colonatos israelitas em território palestiniano são ilegais à luz do direito internacional e já foram condenados pelas mais altas instituições de justiça.

Isto é sabido, e todos os Estados e instituições que se regem por uma “ordem internacional baseada em regras” têm instruções claras sobre o que fazer relativamente aos colonatos em terra roubada: sancionar e não prestar qualquer tipo de apoio, seja ele qual for.

Israel desrespeita e viola deliberações internacionais e até acordos que assina, podendo ser considerado um Estado desonesto ou “rogue state” — uma expressão muito utilizada pelos Estados Unidos para descrever países de que não gostam, como o Irão ou a Coreia do Norte.

Mas quem tem amigos tem tudo, e quando os prevaricadores são seus amigos, ignoram-se as regras, e não há uma sançãozinha. Isto, vindo do país que mantém um terço dos países do mundo sob sanções e que recentemente acrescentou à lista o Tribunal Penal Internacional.

É neste contexto de impunidade que Israel começou a intensificar os ataques logo a 8 de outubro. Agora, depois de ter sido obrigado a declarar um cessar-fogo em Gaza, volta-se com a mesma voracidade para a Cisjordânia: demolição de bairros inteiros, centenas de mortos, o mesmo resultado.

Mas não era uma guerra contra o Hamas? Na Cisjordânia não existe Hamas.

Israel mudará a narrativa conforme lhe der mais jeito, mas o que pretende é limpeza étnica e genocídio. Com todo o mundo a ver. E, no que nos diz respeito, o Dr. Paulo Rangel, tão versado nestas lides internacionais e mestre em virar copos em Bruxelas, envergonha qualquer português quando se propõe visitar Israel, apertando as mãos a quem as tem manchadas de sangue. Não em nosso nome, Senhor Ministro!

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