Sandra Santos
Diretora pedagógica
O mês de agosto é o mês dos reencontros, quer sejam reencontros com o próprio (que a azáfama do dia-a-dia não permite), ou os reencontros tão aguardados com quem tem o coração repartido por várias partes do mundo.
Sempre gostei da zona de chegadas do aeroporto. Em pequena, nunca me incomodou que um voo que esperava se atrasasse ou que chegássemos mais cedo, porque me evadia por 1001 histórias que compunha enquanto observava os rostos e as “borboletas na barriga” de quem esperava, comparando de seguida com aquele momento de luz em que quem chega e quem espera se (re)encontrava, momento esse que culminava depois numa dança de abraços que carregavam dentro de si saudades acumuladas e tantos momentos para e por partilhar. Emocionava-me com alguns reencontros e identificava-me com outros, sabendo que a partir daquele dia e até x dias só queria que o tempo passasse devagar.
Este mês de reencontros e de leveza deveria funcionar como um lembrete de repetição automática para os restantes meses do ano, recordando que devemos cultivar o que este nos dá em abundância: a empatia, o sol no coração e o tempo para nós e para os outros.
A vida, com toda a sua velocidade e problemas, depressa nos faz esquecer os ensinamentos que este mês nos traz. Deixamos para trás a tolerância e rapidamente despimos os fatos de banho e vestimos as armaduras, com o dedo apontado em várias direções e em piloto automático. Esquecemo-nos de ouvir, de respirar e, por vezes, até de sonhar. No entanto, é nesses pequenos gestos de atenção e de cuidado que reside a força motora, as “vontades” de Blimunda ensinadas nos manuais de Português. E , para que essas “nuvens fechadas “ não se desprendam antes do tempo, carreguemos em nós a leveza de agosto ao longo de todo o ano.
Que agosto seja, então, mais do que um mês de reencontros, uma inspiração para o resto do ano. Que nos lembremos sempre de desacelerar; de valorizar o tempo com aqueles que amamos, mesmo dentro das rotinas que parecem enfadonhas, pois são essas que ditam que não há avalanches; de ouvir com o coração e de viver cada momento com a intensidade e a empatia que merecem. ■