Sou utente da Unidade de Saúde Bordalo Pinheiro e há cerca de 15 meses que não consigo ter uma consulta com médico de família, sendo que, quando tinha o mesmo estava quase sempre ausente.
Durante este espaço de tempo, soube por acaso numa deslocação ao centro de saúde, que já me tinha sido atribuída uma médica de família.
Tive dois contactos telefónicos com a médica, enquanto estive em isolamento profilático, em Janeiro deste ano e quando lhe perguntei quando poderia ter uma consulta com ela, respondeu que não tinha capacidade para me ver, devido à sobrecarga de trabalho resultante da situação pandémica.
Ao fim de pouco tempo foi-se embora, ficando outra vez sem médico de família.
Necessito de uma consulta médica dita normal, com médico de família, pois na consulta aberta não são prescritos quaisquer exames novos ou de rotina e a minha situação requer os mesmos.
Já fiz várias reclamações: para o Secretariado da minha Unidade de Saúde, para o Gabinete de Cidadão, e no Livro de Reclamações do mesmo (em 2 de março).
Do secretariado respondem que, de momento não tenho médico de família, pelo que, se a situação for urgente, posso ir a uma consulta aberta.
Do Gabinete do Cidadão quando telefonei, responderam que já me fora atribuída uma médica, para aguardar mais algum tempo e à reclamação deixada no livro responderam que a minha exposição se encontra pendente de audição interna…
Há um mês que não me dizem nada, não sei se tenho ou não médica de família, se tenho, continua sem me chamar, não tendo sequer uma previsão de quando poderei ter uma consulta médica. A covid agora serve de desculpa para tudo, primeiro foram os números desastrosos e por isso os acompanhamentos profiláticos, agora a vacinação, amanhã quiçá, uma 4ª vaga… e as pessoas continuam a não poder ter uma consulta normal?
Considero indigna e desrespeitosa a forma como os doentes são tratados, ou seja, se não têm forma de nos atribuir um médico de família devem contornar a situação, por exemplo, dando aos médicos do atendimento na consulta aberta a possibilidade de nos prescreverem exames médicos e análises clínicas. Parece-me o mínimo que devem fazer ao invés de nos deixarem assim ao abandono.
E assim vamos sobrevivendo “neste novo normal”, que, se no passado de normal pouco tinha, imagine-se agora com o alibi covid-19. ■ Ana Coutinho