O portugês esperto e o SNS

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José Luiz de Almeida Silva
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José Luiz de Almeida Silva

O dr. Miguel Alpalhão, dermatologista do Hospital de Santa Maria, deve-se considerar o português mais esperto e desenrascado da Nação.

Provavelmente quando anda na rua e passa pelos seus compatriotas deve rir-se para dentro e pensar, como estes tansos pagam 54 mil euros por uma jornada de trabalho a este tipo e não se engasgam nem protestam.

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Se é verdade que há meia dúzia de futebolistas que conseguem ganhar também, durante algum tempo, estes valores pornográficos, contudo eu ganho-o com uma “função nobre” e suprindo uma carência que o SNS não resolve nos horários normais.

Quando o Dr. Alpalhão recebe o cheque, errado que este método já não se usa, melhor a transferência bancária diretamente para a sua conta e se acumular vários fins de semana com a mesma verba, sentirá um gozo inaudito, e comentará para os seus botões, como os portugueses comuns se queixam dos seus fracos salários ou recursos.

E quando for de férias dar destino aquelas prebendas do OGE (Orçamento Geral do Estado), ou no pagamento da prestação de um ambicionado apartamento numa urbanização de luxo, rir-se-á da sua forma de ajudar o seu semelhante, mas sempre principescamente recompensado.

Não sei dizer se o assunto me envergonha ou cria uma raiva imensa, mas fica um sentimento de impotência e de vergonha por aquilo que assistimos e não podemos evitar. E provavelmente votará de forma anónima em qualquer força populista, dando-lhe oportunisticamente razão de existir.

Há certamente médicos que merecem tudo o que recebem pela aquilo que fazem salvando vidas em situações limite ou evitando, noutros casos, consequências horríveis aos seus doentes, mas este caso envergonhará a todos, mesmo aos seus colegas médicos cumpridores.

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