Sandra Santos
Diretora pedagógica
Esta semana marca o regresso oficial às aulas. Para uns será o início de uma nova etapa, para outros será voltar a ver caras familiares, atualizar as peripécias dos últimos meses ou recomeçar as brincadeiras que ficaram em pausa no mesmo campo de jogos, no mesmo banco de jardim e debaixo da árvore predileta.
Seja início ou regresso, a entrada na rotina escolar pode trazer um misto de emoções, quer para adultos, quer para crianças. Algumas preocupações surgem, nomeadamente ao nível da adaptação da criança/do jovem à escola e à sala/turma. De seguida, preocupações relativamente ao sucesso académico, e, de mãos dadas com este, entra o medo de não conseguir encaixar o acompanhamento académico na agenda semanal e começa o malabarismo de encaixar atividades extracurriculares enquanto se tenta manter o equilíbrio familiar. Não obstante estas preocupações, o regresso pode ser encarado como uma nova oportunidade de crescimento. Afinal, setembro traz a esperança da renovação, com novas páginas para escrever.
Para que possa ser positivo e sereno, é importante reconhecer e validar o que cada um sente, isto é, não desvalorizar o nervosismo inerente a conhecer novos professores ou a fazer novas amizades. Reconhecer, também, a insegurança dos pais face aos adultos que, nos próximos nove/dez meses, passarão mais tempo com os seus filhos. São emoções passageiras e cada um, ao seu ritmo, adaptar-se-á.
Outro aspeto a considerar é, sem dúvida, ajustar horários. Alterar os horários das férias e mudar o ritmo podem ser grandes desafios para as famílias, pelo que o processo beneficia em ser gradual, com a colaboração de todos. Também a escola pode ajudar, aproveitando os primeiros dias para promover um ambiente saudável e através da apresentação de um calendário anual que oriente e transmita planeamento e organização. Associada aos horários temos a ocupação dos dias, com uma dificuldade cada vez mais acentuada, por parte dos jovens, em trocar “tempo de ecrã”, pela concentração em sala de aula, pelas atividades extracurriculares e pela realização de trabalhos da escola. Estabelecer tempos curtos de utilização durante a semana pode ser determinante, ou, nos casos dos mais novos, restringir a utilização durante a semana. São várias as aplicações ao nosso dispor para auxiliar esta supervisão à distância, como o “Family Link”.
Por fim, mas não menos importante, iniciar o ano olhando para a escola como parceira na educação e crescimento é essencial. Confiança mútua é a base para que ambos os lados possam colaborar de forma eficaz. É importante que a família confie na escola e nos seus profissionais, permitindo que estes conheçam e compreendam cada criança no seu ritmo, respeitando as suas particularidades. Por outro lado, a escola também deve estar disponível para ouvir os pais e acolher as suas preocupações. Esta relação de confiança e cooperação permitirá que as crianças se sintam seguras e apoiadas, facilitando a sua adaptação e desenvolvimento ao longo do ano letivo. É importante que escola e casa se apoiem nas decisões, caminhando de mãos dadas, como verdadeiros parceiros.
Em suma, o regresso às aulas marca um novo começo, cheio de desafios e oportunidades. Ao ajustar rotinas, acolher emoções e fortalecer a confiança entre família e escola, criamos as bases para um ano letivo positivo e enriquecedor. ■