No passado dia 28 de Agosto houve mais uma ruptura na canalização subterrânea da rua principal da povoação do Cabeço da Vela, na Serra do Bouro, aumentando de 23 para 24 o número de remendos existentes nesta via de 1600 metros de comprimento, dos quais só 1100 estão asfaltados (inventário que a “Gazeta” simpaticamente acolheu no dia 27 de Julho, gazetadascaldas.pt/24440/mil-metros-de-rua-com-23-remendos).
Nesse dia, pouco antes da ruptura (por volta das 16 horas) e ainda na manhã seguinte, era suja e terrosa a água que saía das torneiras, fazendo supor que a ruptura dos canos não deixou só sair a água mas também permitiu que entrasse nos canos tudo o que há no solo.
Em 30 de Agosto dirigi ao presidente do conselho de administração dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) de Caldas da Rainha cinco perguntas:
1 – Do muito que pagamos a V. Exa., qual é a parte que serve para investir nas infra-estruturas de abastecimento de água? Qual é esse valor?
2 – Em termos concretos, ainda: porque é que a canalização pública da Rua Vasco da Gama, no Cabeço da Vela, não é objecto de manutenção e de reparação/substituição organizada?
3 – O dinheiro que os SMAS cobram não chega para o efeito?
4 – Está V. Exa. em condições de garantir a salubridade da água que corre por esta canalização apodrecida até à nossa casa – até à casa dos moradores nesta rua desta freguesia – numa situação destas?
5 – Serão os seus SMAS capazes, sem receio de serem desmentidos empiricamente ou cientificamente, e arrostando com todas as consequências daí decorrentes, de garantir a salubridade da água que os seus clientes consomem?
Por nunca ter tido resposta, apesar de diversas insistências, apresentei ao Provedor de Justiça uma reclamação contra os SMAS em 3 de Dezembro. A resposta, embora só parcial, dos SMAS já se fez tardar: a rede de distribuição de água na Serra do Bouro vai ser objecto de renovação e ampliação (conforme carta em anexo) depois de ter sido aberto concurso público… em 31 de Outubro. (Fico a pensar se os SMAS tomariam esta iniciativa caso eu não tivesse reclamado…)
Se posso, com a divulgação desta comunicação, dar uma boa notícia aos meus vizinhos da agora ex-freguesia da Serra do Bouro, tenho de dar uma má notícia: os SMAS não me esclareceram se garantem a salubridade da água que distribuem (vendida a um preço de luxo) quando há rupturas.
E não o fizeram porquê? A água das Caldas da Rainha, onde a rede de distribuição está degradada ao ponto de rebentar frequentemente, não se pode beber?
Pedro Garcia Rosado
NR – Gazeta das Caldas deu conhecimento desta carta à Câmara das Caldas para que esta se pudesse pronunciar, mas não obteve resposta.