Pavilhões do Parque, primeira sede da Gazeta das Caldas

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Carlos Querido | DR

No ano de 1893, em cerimónia presidida por D. Carlos, é lançada a primeira pedra dum novo Hospital. Berquó batiza-o com o nome do rei, mas para a posteridade fica o nome que os caldenses lhe atribuem: Pavilhões do Parque.
Entre 1901 e 1902 o edifício recebe uma Escola Boer frequentada por 171 alunos refugiados de África do Sul, com aulas ministradas por três professores holandeses.
Em 1918 é instalado nos Pavilhões o Regimento de Infantaria n.º 5, transferido para Lisboa em 1926, regressado ao mesmo local um ano depois quando a vila é elevada a cidade.
Em 1924 funciona naquele espaço o posto de informação turística.
Em 1925, nasce a Gazeta das Caldas e os Pavilhões tornam-se a sua primeira sede.
Em 1962 é instalada no local a biblioteca do Hospital Termal, e em 1969 a Biblioteca Fixa n.º 156 da Fundação Calouste Gulbenkian.
Em 1990 é inaugurado nos Pavilhões o polo das Caldas da Rainha da Escola Técnica Empresarial do Oeste, que aí se mantém até ao ano de 2005.
Funcionaram também nos Pavilhões do Parque, um polo da Escola Superior de Educação de Leiria [Magistério Primário], o Liceu e o Karaté Clube de Caldas da Rainha.
Para além de todas as instituições referidas, tiveram ali a sua sede, entre outras, a Associação de Surdos do Oeste, a Associação de Artesãos das Caldas da Rainha e a Liga dos Combatentes.
Mas houve mais.

| Luís Favas

Nos finais do Século XIX surgia uma pequena luz que projetava na parede imagens silenciosas. Já era magia mas ainda não se chamava cinema. Em Portugal, Edwin Rousby divulga uma versão de projetor a que chama Animatógrafo Colossal, chegando a Caldas um dos primeiros exemplares.
No Echos das Caldas de 2 de Agosto de 1908, há uma notícia com o título «Inauguração dos Pavilhões do Parque». Reza assim: «[…] A conhecida empreza Netto, Valle & C.ª, vae apresentar soberbos espectáculos n’um dos Pavilhões do Parque D. Carlos I. A inauguração realiza-se […] com magníficas sessões do Animatographo Colossal e com esplendorosos bailados, executados pela bella e notável bailarina Concha Monedero (Currita Madrileña) […]. Os preços são baratíssimos: cadeiras a 100 réis, superior a 80 réis e geral a 60 réis […]».
Nos Pavilhões, que foram quase tudo menos Hospital, nasce um jornal, hoje à beira do centenário, e projetam-se fitas nos primórdios desta arte, quando o cinema era mudo. O que mais lhes reservará o destino?
Rendidos à sua elegância desolada, projetada no lago em frente, numa atmosfera romântica que invoca outros tempos, os caldenses bastam-se com a beleza dos Pavilhões, sem lhes exigir qualquer outra funcionalidade. Apenas temem a sua degradação. Fala-se de um hotel com 5 estrelas e 124 quartos, mas, por ora, o futuro está adiado. ■