Amazing!
Este é o 7º Pensatório, e penso que é o notório o meu orgulho imenso em ser das Caldas da Rainha. Certamente não sou a única! Acredito que todo o caldense ame este local tão impar. Porém somos diferentes, nas visões e na forma como gerir ou viver a cidade, o que é bom, dada a pluralidade de situações.
Considero que não faz sentido demonstrar factos negativos gratuitamente, ou expor casos com outro objectivo que não seja contribuir para uma visão mais alargada sobre algum assunto de interesse comum. As ciências sociais demonstram que quando nos envolvemos demasiado em determinados objectivos, podemos perder a capacidade de relativizar ou de olhar de fora para o problema, entrando numa espiral interior de teimosia irracional, calcinando numa única opinião. Por isso as empresas modernas usam uma “ferramenta” muito interessante, o chamado “brainstorm”.
Hoje quero falar de outro assunto que me incomodou bastante e julgo ser do interesse de todos.
Estive num jantar com jornalistas dos vários continentes, que vieram a convite do Turismo Centro de Portugal (TCP), para conhecerem a zona centro do nosso país, na qual Caldas da Rainha está incluída. Ou seja vieram para experimentar Portugal com o objectivo de, regressando aos seus países, nos “venderem” com conhecimento de causa, já que quando conhecemos um produto de que gostamos a mensagem que passa é mais credível.
Pergunto: Será que Caldas tem potencial para ser polo de atração turística? Que tipo de turismo temos para vender, que um americano ou um australiano possa querer comprar?
Resposta: Sim, sei que as Caldas têm imenso potencial!
Sei que tem porque passei a noite a “vender” o Hospital Termal mais antigo do mundo; a história da Rainha e da mulher mais culta e rica da Europa; a falar da Igreja do Pópulo; a falar do Parque Dom Carlos, da biodiversidade da Mata Real.
Sei que tem porque amaram a história gastronómica do nosso Hospital ao ponto de quererem provar os nossos doces.
Sei que tem porque ficaram “doidos” ao saberem que temos uma obra-prima de Josefa de Óbidos, talvez oferecida pela própria pintora ao nosso Hospital.
Sei que tem porque ficaram interessadíssimos e entusiasmadíssimos, com muita vontade de conhecer as Caldas da Rainha.
Sei que tem porque “amazing!” foi a palavra mais repetida durante toda a noite.
Gostaram muito e nem falei de termas, ou no Hospital Termal fechado. Não foi necessário para se entusiasmarem com a história e a beleza do local.
Mas tristeza das tristezas, Caldas da Rainha não está incluída neste roteiro que o TCP tem para vender e estes jornalistas. A nossa cidade, disse-me o representante deste órgão público, que a forma como lhes foi comunicada não tem interesse algum!? Perguntei ao Dr. José (não me lembro do apelido) o que lhe tinha sido “vendido” sobre as Caldas. Respondeu-me que a única coisa apresentada foi a Rota Bordaliana.
Assim esta cidade com tanto para dar não será contemplada por operadores turísticos americanos e australianos, porque não somos capaz de vender o que temos em abundância e parecemos não valorizar.
O Turismo marca Centro de Portugal não olha para nós com qualquer interesse. Podemos escudar-nos, ou desculpar-nos, no território ser vasto, contudo, isso seria irrelevante se soubéssemos vender o produto de excelência que é Caldas da Rainha. Porque temos de ser nós… não podemos esperar que outros honrem o que é nosso e nos torna únicos. Parece que temos medo de sermos grandes…nós somos grandes!
Pelo que ouvi destes jornalistas, durante o jantar, eles querem saber de nós, nós é que parece que não queremos saber deles para nada!
Amazing!
Margarida Varela