O sector da agricultura tem sido banalizado e tratado como uma área secundária, como se o Município não tivesse nada a ver com o assunto e fosse um exclusivo dos governos. Mas a agricultura, constitui um dos recursos fundamentais para o desenvolvimento socioeconómico do nosso concelho, especialmente das freguesias do interior e urge ser encarado e tratado como tal. E o município pode fazer muito pelo sector agrícola local.
E pode fazê-lo nas diversas áreas de intervenção, desde a produção, promoção, comercialização, transformação, na captação e incentivo ao investimento na agroindústria e principalmente ao turismo rural, tal é a nossa riqueza. A ligação destes sectores da economia constitui um valor acrescentado.
Não compete às autarquias legislar em matéria de agricultura, nem tão pouco estabelecer formas de financiamento desta atividade. Mas deve a Câmara Municipal ser o elo de ligação, na criação de mecanismos de interação de esforços, incentivando as diversas entidades, empresas e particulares, com interesses nesta área, potenciando através dessa associação, o valor acrescentado que daqui resulta.
E a associação da agricultura ao turismo, é óbvio nos tempos que correm e facilmente se concretiza com a criação de um roteiro que congregue ao longo do seu percurso, visitas a pomares, ou qualquer estrutura de produção agrícola, mas também inclusão de adegas, centrais fruteiras, cooperativas, pontos de venda de produtos agrícolas regionais, florestas, ribeiros, moinhos, unidades de turismo rural ou de habitação e com a promoção da nossa riquíssima gastronomia, pela qual nada se tem feito em prol da sua divulgação. Este roteiro deve abranger todo o concelho, que inclua, a partir da cidade, um percurso pedonal e ciclovia de características rurais, que estabeleça a ligação com uma parte dessa “Rota”.
Devem ser consideradas estruturas de produção que pelas suas características se distingam e se considerem exemplares, tomando em consideração parâmetros, como a dimensão, a capacidade produtiva, a qualidade, os métodos de trabalho, a vertente exportadora, etc…
O território do nosso concelho, possui as condições adequadas à criação de um “produto” agro turístico desta natureza, que não exige investimentos por parte da autarquia, ou do Estado, carece apenas de organização, promoção, divulgação, ahh… e trabalho também dá algum e claro, vontade política, se existisse.
Este é o caminho para promovermos aquilo que é genuinamente nosso. Levar visitantes ao mundo rural.
E estamos agora a tirar um “coelho da cartola”? Não. Há três anos, uma proposta neste sentido, foi feita na Câmara Municipal, pelo vereador Manuel Isaac do CDS-PP e foi aprovada por unanimidade, veja-se a sua abrangência política. Mas claro que nunca foi concretizada, pela simples razão de que as freguesias do interior e o setor agrícola, têm sido relegadas para segundo plano. As prioridades têm sido claramente outras.
Note-se que a própria feira dos Frutos, reiniciada no ano passado, tem muito mais de investimento, preocupação e divulgação, no cartaz de animação do que no sector agrícola propriamente dito e menos de metade do investimento feito nesse cartaz, seria suficiente para implementar um projecto desta natureza, que perdurava e é sustentável. Mas as prioridades estão invertidas e são claramente outras.
Mas não basta. Este apoio deve ser extensível no que ao património edificado diz respeito. Por exemplo, com o incentivo à sua reabilitação, ao invés de se investir em novas urbanizações, descaracterizadoras da paisagem rural que lhe está adjacente. E temos como exemplo, os benefícios fiscais de que os proprietários podem usufruir, nas zonas urbanas abrangidas pelas ARUs – Áreas de Reabilitação Urbana, levando-se ao conhecimento dos proprietários.