Há quarenta anos, o país carecia de infraestruturas tão básicas e elementares, como água e saneamento, caminhos rurais, ou mesmo estradas que reduzissem o tempo de viagem e viabilizassem, pela aproximação, a deslocação interterritorial.
Houve o tempo de dotar o país de infraestruturas vocacionadas para a educação, o desporto, a cultura, ou para dar resposta às necessidades de índole social, que escasseavam ou eram inexistentes.
Foram décadas a modernizar o país e muitos milhões de escudos e de euros investidos, para acertar o passo com a europa em que nos integrámos e que deu um contributo fundamental, subsidiando muitas vezes em tudo, ou pelo menos em grande parte, todo este caminho de modernização, ou diria mesmo de avanço civilizacional.
Também do ponto de vista da governação, nos fomos adaptando às regras democráticas, com a implementação e reforço do poder autárquico, aproximando o poder de decisão dos cidadãos. As autarquias tiveram um papel central neste processo de evolução do país, passando a gerir recursos financeiros até então nunca existentes. Houve as que concretizaram os objetivos, outras nem por isso, dependendo da visão estratégica daqueles que em cada lugar, o povo foi elegendo como seus legítimos representantes. Uns caminharam, outros ficaram lá.
O tempo da criação das tais infraestruturas básicas acompanhadas dos chamados “fundos estruturais” para esse fim, terminou e foi necessário evoluir para outro patamar. Alguns autarcas perceberam que o destino do dinheiro vindo da europa mudou de objetivo.
Chegou o tempo do desenvolvimento económico. Continuam a chegar muitos milhões, mas agora destinados a este fim.
O problema é que muitos autarcas, ficaram lá atrás. Pararam no tempo. Não perceberam que na gestão das suas autarquias, tem que haver evolução e agora o investimento é na economia, na criação de emprego e riqueza. Há Municípios que em tempo útil se adaptaram, foram em busca de investimento reprodutivo, e com ele a criação de novas formas de financiamento das autarquias. Outros não perceberam e teimam em não perceber.
Sem investimento, em vez de progresso, há estagnação.
Na época que atravessamos, a principal função de qualquer Município, é a busca permanente e incessante de investimento e para isso, não basta ter boa localização geográfica, excelentes acessibilidades, proximidade à capital e ao aeroporto e impostos baixos, se assim fosse estaríamos nós bem. Mas o capital é um bem escasso, que não tem localização geográfica, nem tempo a perder. Quer isto dizer, que outra condição fundamental, é a rapidez e eficácia da resposta a dar.
Criar um gabinete que permita responder em tempo útil a qualquer empresário / investidor é uma necessidade. É urgente a criação de um plano de captação de empresas. Há muito que se tornou imperioso, transformar uma espécie de “zona industrial”, ruinosa, com edifícios abandonados e urbanisticamente arcaica, em “Parque Empresarial” moderno e apelativo. A integração em comitivas governamentais, em viagens de índole empresarial, é elementar como forma de nos aproximarmos de possíveis investimentos.
Caldas da Rainha perdeu a vocação de liderante regional e nada muda, porque não se percebeu e teima-se em não perceber o óbvio.
Ao mesmo tempo, é fundamental pensar o nosso território, distinguir os nossos principais recursos endógenos, o que nos diferencia dos outros e traçar uma estratégia de desenvolvimento, assente nesses elementos diferenciadores.
O grande problema é que as velhas e gastas táticas de captação de votos, com muito dinheiro desbaratado, continuam a prevalecer sobre a captação de investimento rumo ao progresso. E quando o dinheiro é esbanjado em futilidades sem retorno, o caminho é o da estagnação.
Até um dia.