Remeto este meu texto para as respostas dos candidatos à Presidência da Câmara Municipal de Caldas da Rainha a um conjunto de questões colocadas pelo Jornal Gazeta das Caldas na última edição, onde constato que a problemática da mobilidade no Concelho não mereceu honras de pergunta autónoma, nem de resposta enfática.
Abordou-se sumariamente a actual situação da linha do Oeste, mas quanto aos graves problemas sentidos por centenas de munícipes que diariamente recorrem ao serviço da Rápida Verde da Rodoviária do Oeste, e que vêm sendo reportados neste jornal e junto diversas entidades públicas, de entre as quais a Câmara Municipal e a Assembleia Municipal de Caldas da Rainha, nem uma palavra.
É compreensível que se aborde em primeira mão a reactivação da linha do Oeste, pelo perigo de que o abandono resulte em desmantelamento puro e simples, pela relevância em termos económicos e ambientais de que o caminho de ferro se reveste e pela perda em termos de coesão territorial que ameaça o Oeste no seu conjunto, enquanto este território não for servido por uma linha moderna e eficiente.
Contudo, é bom que nos lembremos que, no momento actual, apenas o transporte rodoviário oferecido pela Rodoviária do Oeste constitui uma alternativa ao uso de viatura própria para as centenas de munícipes que se deslocam entre Caldas da Rainha e Lisboa, sobretudo para fins de trabalho, mas também de estudo e de consultas médicas.
O executivo camarário, por diversas vezes abordado, tem, habilmente, contornado a questão, com vagas indicações de futuras intervenções junto da Rodoviária do Oeste e nenhuma actuação de que haja notícia. Começamos agora a compreender que os candidatos das restantes forças políticas revelam idêntica falta de interesse pelo problema.
É, decerto, mais apelativo debater o futuro dos pavilhões do parque, do hospital termal, ou do turismo na região – questões cujo mérito e urgência não contesto -, mas relembro que, em termos de um desenvolvimento sustentável, apenas vingam as estruturas que estejam devidamente alicerçadas em infra-estruturas de qualidade, sendo este, aliás, o factor que diferencia positivamente as sociedades modernas e evoluídas, assentes em modelos de urbanismo planificado e servidas por meios de transporte colectivo que promova o desenvolvimento económico e o bem-estar das populações ao mesmo tempo que preserva o ambiente.
Ouso, pois, dirigir na primeira pessoa um desafio aos candidatos a Presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha, para que digam claramente o que pensam sobre o modelo de mobilidade para o Concelho, não esquecendo a vertente do transporte público rodoviário, disponibilizando-me desde já para preencher eventuais lacunas de informação, do ponto de vista do passageiro.
Aproveito para deixar uma sugestão de leitura, que poderá ser de grande utilidade para o enquadramento do problema (ultrapassado que seja o obstáculo da língua de publicação): The Ecology of Transportation: Managing Mobility for the Environment, Editors: Davenport, John, Davenport, Julia L. (Eds.).