Resiliência e proatividade…

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José Luiz Almeida Silva

Nos últimos tempos está muito na moda a palavra resiliência, entendida, em sentido figurado, como a capacidade de superar ou de recuperar de adversidades. Não admira que face à crise decorrente da pandemia, os países da UE estejam a preparar os seus Planos de Recuperação e Resiliência, de forma operativa, mais ou menos inteligente, respondendo aos seus desígnios.
Outra palavra na moda é a proatividade, que significa uma atuação estratégica face à antecipação dos futuros que desejamos e em que se avaliam as consequências das decisões.
As discussões públicas dos responsáveis políticos e económicos mostram que se privilegia mais a resiliência que a proatividade, pois muitas das decisões mais apregoadas apontam para o imediato e curto prazo, em vez de produzir efeitos mais no médio e longo prazos.
Tememos assim que na assistência tipo bombeiro para apagar o incêndio que lavra no tecido económico e social, se esqueça a construção de um futuro mais sustentável e com soluções mais sensatas apesar do custo no momento mais evidente. Muitas das urgências têm preço muito elevado a prazo, obrigando a gastos desnecessários, desperdiçando recursos e meios que não se repetem. Não é difícil percorrer o país e encontrar alguns destes gastos que foram desbaratados amiúde, impedindo outros investimentos de maior necessidade.
Felizmente, a própria inércia das decisões públicas, tem-nos poupado desgraças maiores, dando um exemplo do início da década muito ilustrativo: quem se lembra ter sido anunciada a suspensão “definitiva” das ligações ferroviárias a norte das Caldas, deixando a linha apenas para transporte de mercadorias. Sensatamente hoje diz-se que as ligações ferroviárias são a solução de futuro, à luz dos desafios da sustentabilidade. Perderam-se entretanto já muitos anos….