
Nos últimos anos a Associação dos Artesãos das Caldas da Rainha tem mostrado uma dinâmica incomum que a tem projectado a nível nacional, participando em inúmeras iniciativas de promoção do artesanato e das artes decorativas que se realizam no país.
Agora inaugurou uma sede, em espaço alugado pela Columbófila ao município que por sua vez o empresta à Associação, onde irá desenvolver as suas actividades.
Esta dinâmica deve-se aos cerca de 50 artesãos caldenses e dos concelhos limítrofes. Mas Zé Povinho revela o papel do seu presidente, Pedro Braz, que já está no terceiro mandato, mas que continua totalmente empenhado em divulgar e promover o artesanato local e regional, encabeçando os seus colegas em projectos cada mais activos, nomeadamente os Mercados Cria que regularmente se realizam nas Caldas da Rainha.
São os próprios colegas artesãos a reconhecer-lhe o mérito e o empenho na dinamização da associação de todos, dizendo ainda que a sua gestão é uma lufada de ar fresco.
Num país do cada um para si, na Associação dos Artesãos ainda há uma visão do trabalho conjunto e cooperativo, facto que Zé Povinho gosta sempre de destacar.
Num país pequeno e muito paroquial, em que o emprego de qualidade e as carreiras não abundam, torna-se quase “natural “ que, quem domina os cordelinhos dos vários poderes, sejam políticos, empresariais, associativos, ou outros, utilize as suas posições para colocar familiares, amigos ou correligionários nos lugares que tem disponíveis.
Há sempre o argumento da “confiança política ou pessoal” para justificar as escolhas e geralmente o público queixa-se quando não é ele que é o diretamente beneficiado, até porque a instituição “cunha” é muito utilizada entre os portugueses.
A aproximação de vários pleitos eleitorais este ano, e uma certa ânsia demonstrada pelos actuais detentores do poder central, criou a circunstância para que a oposição levasse esta tema à questão central do período pré-eleitoral.
Mas se no actual governo socialista, dada alguma insensatez, este processo de atribuição de cadeiras a familiares se tornou de certo modo chocante, tal não esconde o facto do fenómeno ser estrutural, nascendo na mais alta magistratura em certos momentos, até às mais insignificantes juntas de freguesia. E muitas vezes, quando não são os familiares, são os amigos ou amantes, que nalguns casos têm trazido dissabores a alguns titulares desses lugares,
A carne é fraca e não basta invocar-se a ética, agora republicana, para o evitar, mas a tradição deste nepotismo militante fez história na monarquia, atravessou a I República, teve grande importância no período da ditadura (em que ninguém protestava porque não podia) e mostra-se hoje com algum desconforto porque a opinião pública e as redes sociais estão mais sensíveis.
Para Zé Povinho, quer António Costa, ao desvalorizar os factos, ou Cavaco Silva, esquecendo-os intencionalmente, podem ser dois exemplos de tantos outros, a todos os níveis de influência, uma vez que as autarquias também, na grande maioria, se servem destes lugares para premiar amigos, colegas, confrades e correligionários.