Mocho-galego (Athene noctua)

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Este mocho é a rapina nocturna mais pequena da nossa avifauna, mas que, dado aos seus hábitos diurnos é fácil de observar durante o dia ou pousado num ponto elevado de um campo ou nas ruinas de casas com os seus movimentos que parecem saudações de cortesia ou vénias. Existem alguns casais a nidificarem nas imediações da Lagoa de Óbidos e Serra do Bouro.
É uma espécie monogâmica que acasala para toda a vida, permanecendo sempre no seu território de nidificação, mantendo durante anos o ninho no mesmo local.
Com postura que variam entre três e cinco ovos, a duração do choco é de cerca de vinte e oito dias, é a incubada pela fêmea que, normalmente é maior que o macho, sendo esta alimentada pelo macho que lhe fornece a comida. A fêmea está tão agarrada aos ovos que, ás vezes, deixa-se apanhar à mão.
A sua alimentação é à base de roedores, de passeriformes, pequenos anfíbios, insectos e cobras.
Durante o dia, o seu voo é ondulado, mas à noite é a direito e rente ao chão, subindo abruptamente antes de pousar num ponto elevado. Trata-se de uma ave combativa que, pode até enfrentar um gato, para defender o ninho. Todas as aves de rapina nocturnas, vulgarmente denominadas mochos, corujas ou bufos, sempre foram vistas pelo homem como símbolo de sabedoria, má sorte, azar ou morte, conforme as diferentes civilizações. Os hábitos noturnos destas espécies e as vocalizações exuberantes desde sempre causaram algum medo, mas também uma enorme quantidade de mitos e conotações negativas, que nalguns casos as levou quase à extinção.
Na Grécia antiga as moedas costumam representar vários tipos de animais, geralmente eram relacionados a um deus da mitologia. Atena é justamente a deusa da razão, da sabedoria e das estratégias de guerra (ela também era chamada de Minerva na tradição latina). Dessa maneira, a coruja das moedas gregas simboliza um poder político que confia na força civilizatória do conhecimento e das ciências. Com seus hábitos noturnos e silenciosos, a coruja representava a sabedoria, o conhecimento racional e o poder clarividente da reflexão. Esse era o animal preferido de Atena, uma das divindades mais importantes da época e a padroeira da principal cidade grega (Atenas). Nos tempos mais recentes o Dracma mantinha na efigie a figura do mocho, mantendo-se atualmente a moeda de 1 Euro Grega. Existe uma ONG, que tem feito um excelente e meritório trabalho em prol da divulgação e defesa destas espécies cuja página é a: STRI – Rapinas Nocturnas de Portugal, onde poderão descarregar um livro em formato PDF, grátis, chamado As Rapinas Nocturnas na Cultura Popular Portuguesa.

João Edgar
sarabuga@gmail.com

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