Neto paterno de Alice d´Espiney e de António Patrício (embaixador, poeta, contista, dramaturgo) Rui Patrício (n. 1932) teve como avós maternos Augusto Goulart de Medeiros e Maria Júlia Loureiro de Macedo. Uma das tias tornou-se Campos e Sousa pelo casamento, outra ficou Tito de Morais – o mesmo é dizer direita e esquerda com o avô Goulart ao centro. Aos 9 anos R.P. vive com o pai, diplomata em Vichy na França ocupada. Lá tem como médico o irmão do escritor Jean Giraudoux e conhece Danielle Darrieux e Porfírio Rubirosa. Teve dois padrinhos ligados às letras (João de Barros e Urbano Rodrigues) e um primo – Gustavo Soromenho. Leu muito na juventude: Eça, Oliveira Martins, Camilo, Alexandre Herculano, Fialho de Almeida, Stendhal, Dostoiewski, Shakespeare. Ex-aluno do Colégio Moderno, Rui Patrício recorda as férias em S. Martinho do Porto: «Um dia alguém pôs um disco com a música Chiquita Bacana e um dos Hipólito Raposo disse: «Eu não posso deixar que as minhas irmãs oiçam isto!» E partiu o disco.».
Este livro de Leonor Xavier lê-se ora em relativa alegria («no Tribunal declarei que o Ramos de Almeida tinha as suas ideias mas que nunca o vira entrar numa conspiração política») ora em relativa amargura quando R.P. recorda o ministro Correia de Oliveira: «Depois do 25 de Abril não resistiu à queda do regime. Todos nós, que sofremos por ver o país destruído e o Ultramar abandonado, percebemos o seu desespero.» Tal como o livro, o título é um achado e vem de Drummond de Andrade: «A vida conta-se inteira / em letras de conclusão».
(Editora: Círculo de Leitores / Temas e Debates, Notas: Ana Gomes, António Pinto da França, Francisco Seixas da Costa, João Diogo Nunes Barata e Marcello Duarte Mathias)