Por andar a ler a Gazeta em digital e ler só os artigos que me interessam (excluindo necrologias, anúncios, editais, e similares) não li o edital que anunciava a reunião da Assembleia Municipal (AM) ordinária de 22 de Junho (realizada por videoconferência), e não soube que essa reunião teria participação do público.
Reconheço que o Sr. Presidente da AM cumpriu as regras em vigor. Mas, dado o contexto de pandemia em que temos vivido, é uma pena que não tenha sido divulgado o Edital também na página do Município no Facebook. Note-se que, quando se trata de COVID, ou de festas, a Câmara usa o Facebook e não editais em jornais. Por tudo isso, os munícipes consultam regularmente essa página e não os Editais. Sugiro que, de futuro, todos os editais de Assembleias Municipais ordinárias (as que podem ter público), bem como os das reuniões ordinárias da Câmara, e ainda decisões importantes nelas tomadas passem a ser também divulgadas no Facebook do Município.
Li sobre essa reunião nos jornais e ouvi na íntegra a extensa transcrição da reunião (4H14, em: www.youtube.com/watch?v=uJgFFFkMv_o) .
Assim apercebi-me, entre outras coisas, que a vereação decidiu mandar fazer dois Silos-Auto: um “no fundo” da Av. Primeiro de Maio e outro no fim da Rua 15 de Agosto. Também não tenho dúvida que a Vereação tenha poderes para tomar tal tipo de decisões.
Mas numa questão desta magnitude, que vai comprometer a cidade por um longo período, impedindo outras soluções que considero mais sensatas (e a Maire de Paris também, juntando-se agora ao que Londres decidiu há muito), como a de acabar com os carros no centro da cidade e, se necessário, fazer parques de estacionamento nas entradas desta.
Neste contexto, as autoridades do concelho (mas também do país, da EU, e não só) parecem não ter ainda percebido que, se a humanidade pretende sobreviver, toda a vida vai ter de mudar muito profunda e rapidamente; e que isso implica que também os poderes dessas autoridades terão de mudar e de adoptarem uma perspetiva colaborativa de gestão, tal que, em todas as decisões significativas, se oiçam antes os residentes interessados, por um período de tempo suficiente para um debate aprofundado. O mesmo se aplica aliás ao programa do novo Museu da Cerâmica que poderia ser tratado numa reunião pública, em altura conveniente, em vez de ser apenas apresentado em Comissão ou na AM, antes de ser decidido pelos órgãos competentes para o efeito. ■ Artur Silva