A narrativa arranca pela voz off da Terra numa determinada circunstância («como se estivesse a ver uma peça de teatro») e com dois protagonistas (Flor Pequena e Flor Grande) que discutem entre si a noite e o dia: «Também gosto do Dia mas a Noite é tão misteriosa…» A seguir surgem mais actores: o Sapo Seriró, o Cágado, a Lua e a Estrelinha que se lamenta de estar tão longe da Terra: «Ai, ai, estou tão alto e tão só!»
Entretanto aproxima-se outros: a Brisa, a Fadinha da Noite, os Melros, as Noites, o Sol e a Terra. O segredo da Brisa é, afinal, depois da notícia («Fugiu a Estrela de Natal») e da dúvida («como poderão os Reis Magos seguir o caminho?») poder dizer em segredo à Estrelinha que «vai ser ela a Estrela de Natal».
Peça de Teatro, originalmente representada na Junta de Freguesia de Olhos de Água, contou com a participação de pequenos actores, alunos das seguintes escolas: Vale Carros, Diamantina Negrão e Olhos de Água. Poderia chamar-se «Gramática da Noite» e termina com a voz off da Terra: «A Lua brilha, agora, com todo o seu esplendor e a Noite avança, então, intensa e dominadora no seu último movimento antes de desaparecer a pouco e pouco, empurrada brandamente pelo Sol. Levanto-me do banco e no caminho para casa vou pensando que tudo tem o seu tempo, a sua função, obedecendo a regras num Universo superiormente organizado. Por vezes o que aparenta estar estático, está em movimento contínuo, refazendo-se e inovando-se através de ciclos bem reais».
(Edição: Câmara Municipal de Albufeira, Preâmbulo: José Carlos Martins Rolo, Prefácio: Luísa Monteiro, Ilustrações: Anabela Furett)