Alguns de nós têm alguma dificuldade em exprimir afectos e até se emocionam com pouco, outros têm o coração à flor da pele e emocionam-se em variadíssimas circunstâncias. Eu sou dado a emocionar-me em momentos de orgulho. Geralmente emociono-me com algo que aqueles ou aquilo que amo fazem e que são para mim motivo de orgulho.
Não admira que na quarta-feira à noite, dia 21 de Agosto, eu estivesse emocionado ao circular pelas ruas da minha terra.
No parque, por ocasião da Frutos 2019, havia um concerto dos Wet Bed Gang, uma banda de rap e hip hop que é famosa entre os adolescentes.
As ruas do centro, bem iluminadas, estavam transformadas em hora de ponta, os carros de família faziam fila, descarregando miúdos empolados e ansiosos por chegar ao parque. As nossas ruas tinham mais gente que qualquer dia pela hora de almoço. Sobretudo jovens. O coração da nossa cidade.
Foi isso que me emocionou. Por uma hora, a cidade encheu-se de uma energia vibrante e contagiante. Caldas estava feliz e era de novo jovem. O centro estava entregue aos jovens!
Francamente não sei de onde vieram tantos e por onde andam nos outros dias mas foi de coração cheio que os vi. E a forma como sorriam, como gesticulavam, como corriam para os amigos, emocionou-me. Emocionou-me sim! Senti orgulho nestes miúdos, senti orgulho nesta cidade, senti orgulho no executivo camarário que em boa hora recuperou o parque para a cidade e devolveu a Frutos ao parque.
Mas eu quero sentir este orgulho e esta emoção mais vezes. Quero senti-la de mais formas e quero ver também a cidade entregue aos jovens, ao futuro. Se não, cada vez partirão mais e para mais longe. Pouco se manterão por aqui e poucos terão o desejo de aqui vir viver. O nosso futuro passa por eles. A cidade terá de ser requalificada pensando neles.
A Frutos terá de ser um entre mais motivos de interesse para captar os jovens à cidade. É certo que são os espectáculos musicais que constituem o grande polo de atracção, sendo a temática da fruta apenas um pretexto para levar a comunidade ao parque. Antigamente os concertos complementavam a feira, hoje é ao contrário. Não tem mal, é assim um pouco por todo o país e desafio mesmo os maiores certames de actividades económicas a apresentarem os números de entradas durante o dia e nos minutos imediatamente anteriores aos concertos. É igual em todo o país, porque os jovens, para constituírem a maioria das entradas nos certames, terão de ter apelos próprios da sua geração. Se a reboque dos concertos puderem conhecer e viver outras experiencias, algumas até de caracter formativo ou profissional, melhor ainda.
Hoje na cidade e no concelho e excessivamente concentrados em três semanas de Agosto organizam-se vários eventos dirigidos a diferentes níveis etários mas continuamos a perder os jovens para eventos de outros concelhos limítrofes e para paragens ainda mais distantes. Se é a música que os reúne e os entusiasma então que se organizem ao longo de dois principais meses de Verão, e com caracter semanal, eventos que os levem a querer por aqui permanecer e que atraiam mais jovens à nossa cidade. O sucesso do recente Festival Atlântico da pequena Praia de Paredes de Vitória mostra que é possível fazer muito com os recursos já existentes.
Não temos menos para oferecer que qualquer outro concelho da região e em alguns casos do país. Agarremos os jovens com um bom ensino, que não podendo ser completo pode ser especializado em diferentes áreas, um bom complemento de lazer e uma grande qualidade de vida focada nas temáticas que são sua preocupação, nomeadamente as de caracter ambiental. Por aí também passa a chave para rejuvenescer a nossa população e fazer crescer demograficamente a cidade.