João Frade
jurista
Terminou a 8 de setembro a 79ª edição da Vuelta a España 2024. Esta que é uma das 3 principais provas mundiais de ciclismo de estrada, teve este ano início em Portugal, começando em Lisboa e tendo a sua segunda etapa passado por vários concelhos do Oeste (Torres Vedras, Bombarral, Óbidos, Caldas da Rainha e Alcobaça) e do centro do país, graças ao trabalho desenvolvido pelo Turismo Centro de Portugal.
Esta prova atrai milhares que acompanham ao vivo a sua passagem e tem seguidores em todo o mundo, sendo uma oportunidade única de promoção, sobretudo com as filmagens aéreas dos monumentos e locais mais bonitos e icónicos dos territórios por onde passa.
Sabendo desta oportunidade houve um acordo, entre a organização, o Turismo e os municípios para que, além do investimento do Turismo, cada município onde a prova passava pudesse patrocinar com 15.000 euros esta prova, o que tendo em consideração a visibilidade da mesma seria um bom investimento, com retorno ao nível da divulgação e promoção da região.
Ainda mais importante era para Caldas da Rainha que tinha o caldense João Almeida a disputar a prova, inclusivamente com hipóteses de a ganhar.
Mas houve algumas câmaras que decidiram não pagarem o valor que tinha sido decidido e infelizmente Caldas da Rainha foi uma delas. Soube aproveitar o entusiasmo dos caldenses e colar-se à imagem de João Almeida, mas não avançou com o pagamento.
Uma Câmara Municipal que gasta centenas de milhares de euros em festivais de música, como por exemplo o Foz Beats, ao qual alocou mais de 220 mil euros, com pouco ou nenhum retorno económico para a economia local e nula promoção do que realmente interessa da Foz do Arelho e do Concelho, decidiu não apoiar com 15 mil euros, uma prova com visibilidade mundial, transmitida para 190 países, com 500 milhões de potenciais espectadores e com um caldense a correr pela vitória!?
Esta situação demonstra ainda que existe actualmente uma clara falta de unidade entre os municípios do Oeste, ao contrário do que existia no passado, em que a CIM Oeste era um exemplo de união, com os municípios a trabalhar em conjunto, apoiando iniciativas que beneficiavam todos.
Depois disto estará a organização da Vuelta disposta a voltar a passar na região? Terá o Turismo do Centro ficado igualmente satisfeito com esta actuação?
Quando todos os concelhos no país procuram ter apoios das entidades ligadas ao turismo para ajudar a potenciar eventos diferenciados e atractivos, da próxima vez que forem pedir apoios ainda correm o risco de, educadamente, lhes dizerem para irem dar uma “vuelta”…” ■