Viva o Falo

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Gazeta das Caldas
Jacinto Gameiro

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Desde há muito tradição escondida e envergonhada.
Mas em Portugal, que se saiba, esta tradição remonta aos reinados de D. Luís e D. Carlos, mas a referência ao falo já perdura desde o século III com o Imperador Romano Heliogabalo.
O falo adota formas variadas, nas figuras explícitas, na garrafa das Caldas, nas canecas e, mesmo, em alguma doçaria.
Antes vendia-se às escondidas na Praça da Fruta, depois embrulhado, e mais tarde em lojas de loiça.
Mas sempre foi uma tradição “maldita”… “brejeira”, que os poderes públicos nunca quiseram assumir e que quase sempre ignoraram.
Mas, quer se queira ou não, ainda perdura no imaginário de muitos Caldenses e forasteiros, havendo já tentativas, mesmo fora das Caldas da Rainha, para comercializar peças como sendo locais.
Os das Caldas que se cuidem…
No Camboja e mesmo na Jamaica, sempre que viajei por esses lugares, encontrei peças e artefactos alusivos ao falo.
Nas Caldas da Rainha há alguns anos atrás, houve uma tentativa para uma abordagem moderna com peças de cerâmica, quer por iniciativa própria, quer no âmbito da atividade da Confraria do Príapo.
A Confraria, de um grupo inicial e que foram aderindo mais uns tantos, hoje conta com mais de 50 membros.
Sendo que nessa altura, foi inaugurada uma peça de mais de dois metros de altura, no Casal da Eira Branca, na aldeia dos Infantes, alusiva ao tema, e realizada por vários artistas, Carlos Enxuto, Mário Reis, Paulo Óscar, Eduardo Pereira e Vítor Reis.
Peça, que ainda perdura, e que já foi visitada por alguns milhares de pessoas e sempre com referências elogiosas.
Mas inexplicavelmente, nos últimos cinco anos, longos cinco anos, e após um crescendo de eventos, a Confraria do Príapo adormeceu ou terá “murchado” completamente de entusiasmo e de atividade.
Hoje porém, a Confraria do Priapo tem uma nova Direção que pretende, obviamente, “step by step” retomar a atividade da Confraria e tentar repor o prestígio que a mesma já tinha atingido.
Estamos cá para ajudar no possível, e também para ver se ainda o “pudor” perdura e dificulta uma tradição Identitária da cidade que, devidamente trabalhada e com uma abordagem hodierna, pode trazer mais prestígio à cidade, não esquecendo o lado comercial e turístico.