O Governador Civil do distrito de Leiria, Paiva de Carvalho, esteve nas Caldas da Rainha, onde reuniu com o administrador do Centro Hospitalar Oeste Norte e visitou as Faianças Artísticas Bordallo Pinheiro.
Médico de profissão, Paiva de Carvalho elogiou o trabalho que está a ser feito pela actual administração do Centro Hospitalar e diz que não tem sido perdido nem achado pela Administração Regional de Saúde no debate da construção de um novo hospital versus a ampliação da unidade caldense. Mas salienta que a qualidade do atendimento aos utentes tem que ser acautelada neste processo. Já da centenária fábrica de faianças disse estar perante um “Portugal positivo” que deve ser dado a conhecer.

Eram 11h00 do passado dia 9 de Fevereiro quando Paiva de Carvalho chegava às instalações da administração do Centro Hospitalar Oeste Norte (CHON), liderada por Carlos Sá. Uma visita realizada quando a unidade caldense está prestes a sofrer novas obras e depois de o Ministério da Saúde ter afirmado que não será construída uma nova unidade hospitalar para servir a região, como foi prometido durante anos.
Depois de ter reunido com o administrador hospitalar e de ter visitado algumas das áreas da unidade de saúde caldense, Paiva de Carvalho afirmou que “é evidente que em face das estruturas, da evolução que temos e do movimento, o Hospital neste momento tem necessidade de melhorar as suas instalações”, e que o atendimento está a ser assegurado “com grande esforço dos profissionais”. A unidade vai ser alvo de novas obras. Mas será que mais remendos chegam para colmatar as lacunas do hospital?
O Governador Civil responde que “é possível ampliar reafectando espaços”, mas acrescenta que a hipótese de se construir uma nova unidade não deve ser posta de parte. “Não estamos em tempos de estragar dinheiro, estamos em tempo de investir no futuro”, afirmou Paiva de Carvalho, admitindo que “nós estamos numa fase em que não há recursos financeiros para estar a fazer uma obra de raiz”.
“Quem olha para aquilo, vê que não há remendos que sirvam a algumas estruturas depois delas estarem estragadas. Mas do ideal à realidade vai sempre uma certa distância”, defendeu o representante do Governo, lamentando que a Administração Regional de Saúde nunca tenha ouvido o que tem para dizer. “A ARS não tem falado com o Governador Civil e, como eu me queixei já várias vezes, tem-se borrifado em mim”, queixou-se. Mesmo assim, acredita que “as pessoas que estão a tomar conta do assunto estão a fazê-lo de maneira consciente e racional”.
Quanto à nova administração, empossada há pouco mais de seis meses, Paiva de Carvalho elogiou o esforço que tem sido feito para reduzir o défice do CHON e para amenizar as relações entre as administrações das unidades de Caldas, Peniche e Alcobaça, que se agudizaram com a criação do Centro Hospitalar que integrou os três hospitais. “A administração, toda ela vindo do exterior, foi bem recebida tendo conseguido rapidamente enquadrar-se na instituição e adquirindo dos trabalhadores e dos responsáveis directos do Centro Hospitalar o melhor espírito de colaboração”, garantiu Paiva de Carvalho.
Dando conta da aspiração da administração em passar para o estatuto de Entidade Pública Empresarial, o que agilizaria alguns procedimentos de gestão, Paiva de Carvalho diz que “há necessidade de injecção de algum capital”, para actualização e aquisição de equipamento em falta. Apesar dos constrangimentos financeiros a que os tempos obrigam, o Governador Civil reforça que o equipamento “está a ser gerido da melhor maneira, atendendo às características que tem”. E salienta que numa estrutura como o CHON, “há que gerir de maneira uniforme três estruturas que eram diferentes, uniformizar procedimentos, convergir interesses e fazer aquilo que me parece absolutamente fundamental que é centralizar, em termos de aquisição e de gestão, os recursos disponíveis, quer humanos, quer de equipa médica”. Um trabalho que passa não só pela administração, mas também pela dedicação e ética dos profissionais de saúde, que não devem “pensar só em cifrões”, apontou.
O “Portugal positivo” espelhado na Bordallo Pinheiro
A parte da tarde foi dedicada às Faianças Artísticas Bordallo Pinheiro, cuja realidade está hoje bem longe dos tempos conturbados que os trabalhadores viveram em finais de 2008. Tal como o director da fábrica, Víctor Gonçalves, já tinha divulgado à Gazeta das Caldas no final do ano passado, a empresa está a registar um aumento muito significativo de encomendas, vindas não só de novos clientes mas de grandes compradores que a anterior administração tinha perdido.
O Grupo Visabeira, que em Março de 2009 agarrou a empresa à beira da ruptura, está a colher os frutos da aposta em novas linhas, sem nunca esquecer a arte de Bordalo Pinheiro e as peças de museu que cativam cada vez mais apreciadores, bem como da forte aposta na divulgação das faianças caldenses. Para Victor Gonçalves a recuperação da centenária fábrica de faianças está também a ser conseguida graças “a um grande trabalho dos comerciais” e à dedicação de todos os trabalhadores.
O mercado nacional absorve entre 30 a 40% da produção da empresa, que conta com 173 trabalhadores, sendo que os EUA e a Alemanha são os maiores clientes no mercado externo. A estes países juntam-se França, Espanha, Itália, Austrália e Rússia, o mais recente. “Houve algum aumento de encomendas, ainda não o desejado, mas estamos no bom caminho. Temos vindo a manter o barco em cima da linha de água, mas o trabalho não está ainda concluído e ainda há muito para fazer”, afirmou o director da fábrica no final da visita.
A recuperação da Bordallo Pinheiro é, para Paiva de Carvalho, “o Portugal positivo que existe e que nós temos o dever de mostrar não só aos portugueses, mas também aos portugueses”. Um “Portugal positivo” que se faz de rigor, inovação, qualidade, mas também de muita dedicação, por parte de administradores e trabalhadores. “Pude testemunhar aqui dentro que as pessoas fazem o que fazem com muita qualidade mas também com muito gosto”, apontou o Governador Civil.
Um exemplo que Paiva de Carvalho acredita que deve ser dado a conhecer “numa altura em que o país está a ultrapassar uma fase um pouco depressiva. Olhando para isto, as pessoas naturalmente mudarão de mentalidade face ao futuro”, apontou.
Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt