No domingo há eleições para o Parlamento Europeu. Trata-se do órgão mais democrático da União Europeia porque é o único em que os seus membros são eleitos, ao contrário da Comissão e do Conselho, cujos elementos são decididos pelos governos.
Zé Povinho sempre se assumiu um europeísta convicto. Não que não tenha críticas em relação a “esta” Europa, ou seja, à forma como funciona, aos interesses nem sempre claros que se debatem em Bruxelas, aos lobistas que pululam em torno dos centros de decisão, à excessiva burocracia das instituições comunitárias e ao exagerado peso dos países grandes em relação aos pequenos. E Zé Povinho também não é ingénuo: nas últimas décadas o paradigma dominante na UE tem sido demasiado liberal e mais amigo dos negócios e da finança, do que preocupado com a Europa Social, dos direitos humanos e dos direitos dos trabalhadores.
Mas criticar “esta” Europa não é ser contra “a” Europa. Para o bem e para o mal, o projecto europeu é uma das uniões mais bem conseguidas da História e responsável por 70 anos de paz no Velho Continente. As vantagens em Portugal pertencer a esta comunidade de países excede em muito as desvantagens. Por isso, Zé Povinho se insurge contra os populismos e os projectos políticos extremistas que encerram em si a destruição do projeto europeu e o regressos aos bafientos nacionalismos.
Razões para que, a dois dias das eleições para o Parlamento Europeu, seja importante reafirmar a importância da União Europeia, não se coibindo Zé Povinho de apelar a que todos exerçam o seu direito de voto no próximo domingo.
Joe Berardo é por estes dias uma das figuras mais gozadas e detestadas pelos portugueses. E há razões para isso. O riso alarve deste suposto milionário, na Assembleia da República, a dizer que não tinha dívidas e que não possuía nada em seu nome, tem tanto de ridículo como de odioso. O “senhor comendador”, como alguns deputados insistiram (legitimamente) em tratá-lo, gozou com a cara dos portugueses ao eximir-se de qualquer responsabilidade no pagamento das dívidas de milhões de euros que contraiu aos bancos, os quais foram viabilizados com os impostos de todos.
Como alguns comentadores já fizeram notar, Joe Berardo teve, apesar de tudo, o mérito de assumir a vigarice profunda que se viveu na banca portuguesa nas últimas décadas. Outros responsáveis houve, mais polidos e finos, que se limitaram a justificar o impossível com expressões em inglês usadas na gestão financeira acompanhadas de quebras de memória – normalmente respondiam que não sabiam ou não se lembravam de factos e decisões por eles tomadas.
Zé Povinho aposta que neste escândalo que levou os portugueses a pagarem, com os seus impostos, os desvarios de banqueiros, testas-de-ferro e políticos sem escrúpulos, a culpa ainda vai morrer solteira. E é por isso que Joe Berardo, sabendo-se impune, se ri.