A semana do Zé Povinho

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Surpreendentemente, o PAN elegeu um eurodeputado para o Parlamento Europeu. Foi um sucesso inesperado de um partido que já nas legislativas causara surpresa ao eleger um deputado para a Assembleia da República. Francisco Guerreiro deve bastante ao desempenho de André Silva no Parlamento, que tem dignificado um partido que muitos ridicularizavam, mas não há dúvida que teve o mérito de apostar em causas que interessam a cada vez mais pessoas que estavam afastadas da política, em particular as gerações mais novas. As alterações climáticas, a sustentabilidade, a mobilidade, a natureza, a protecção dos animais, até podem ser referidos por outros partidos, mas o PAN fez deles autênticas “causas”. A estratégia, que até é sincera, resultou e o PAN internacionalizou-se e até já vai ter assento no Parlamento Europeu no grupo dos Verdes.
Marisa Matias surge como outra grande vencedora. A eurodeputada do BE, que em Bruxelas é respeitada pela sua grande capacidade de trabalho, soube fazer uma campanha eleitoral empática e apostar também em causas que são caras a um “novo eleitorado” e no qual se revê também o “velho eleitorado”. O Bloco duplicou a sua votação e tornou-se a terceira maior força política do país. Fundado há 20 anos, este partido passou de um jovem rebelde para um adulto que até viabiliza soluções governativas e não disfarça que gostaria de integrar um governo.
Os seus dirigentes gostam de sublinhar que o trabalho de equipa é uma característica dos bloquistas, mas não há dúvida que os bons resultados por eles obtidos no passado domingo se devem muito ao bom desempenho de Marisa Matias.
Zé Povinho deseja um bom trabalho a Francisco Guerreiro e a Marisa Matias em Bruxelas e em Estrasburgo.

 

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O resultado alcançado pelo CDS surpreendeu Zé Povinho, que sempre viu o cabeça de lista centrista, Nuno Melo, e a sua líder, Assunção Cristas, muito cheios de si e confiantes num resultado abonatório. Percorreram as feiras, mercados, distribuíram beijinhos e achavam que estas manifestações públicas, concentradas na altura de campanha, lhes era suficiente para alcançar votos. Mas enganaram-se. O povo gosta do fogaréu, mas depois não retribui nas urnas.
Também João Ferreira, do PCP, que percorreu o país de lés-a-lés, juntamente com os seus camaradas, não conseguiu manter os três lugares no Parlamento Europeu. A visão deste partido sobre a Europa e o mundo (em particular sobre a Coreia do Norte, a Venezuela, a China e Angola) afastaram certamente muitos simpatizantes que preferem dar-lhe o voto noutras eleições mais caseiras.
O eleitorado já não é fiel aos partidos tradicionais e cada vez mais se começa a mover por causas, muitas delas apresentadas por pequenos partidos que começam a ganhar o seu espaço na Europa. A defesa do planeta e de um modo de vida mais sustentável é cada vez mais uma preocupação dos cidadãos.
Embora com ideologias opostas, Nuno Melo e João Ferreira foram vítimas de uma certa ortodoxia na forma de fazer política que lhes foi fatal.