Esta semana Zé Povinho esteve atento ao congresso do CDS-PP e teve a surpresa de ter visto ser eleito o mais jovem candidato: Francisco Rodrigues dos Santos, o político do partido sexy, mas também aquele com o discurso mais popular e radical, símbolo dos tempos, em que o seu partido está a ser assediado à direita.
A este êxito do “Chicão”, como é conhecido entre os democratas cristãos, não será alheio o facto de ter sido considerado pela revista Forbes um dos “30 jovens mais brilhantes, inovadores e influentes da Europa” na categoria Direito e Política, pelo trabalho desenvolvido enquanto líder da JP.
O ex-dirigente do Sporting é filho de um militar e uma advogada, tem formação inicial no Colégio Militar, seguida da licenciatura em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Apesar das suas gaffes, que o têm obrigado a corrigir, como a de acusar a esquerda constitucional de “ser uma quadrilha que assaltou o poder”, Francisco Rodrigues dos Santos conseguiu suscitar o maior interesse entre jovens e veteranos do CDS, levando-o a vencer o candidato mais ligado ao aparelho. Incondicional admirador de Churchill, Thatcher e Reagan, a que junta a heterodoxa música e canções de José Afonso, parece ter agradado à sua base eleitoral, que está a ser ameaçada pelos que estão mais na sua extrema.
Apesar de nunca ter demonstrado publicamente, a concelhia caldense do CDS alinhou com o vencedor, tendo João Forçado Gonçalves sido eleito para a comissão política nacional, juntamente com a vereadora do Bombarral, Rosa Guerra. Zé Povinho vai ver se o jovem radical de direita se vai aguentar nas canetas e se vai ser mesmo um dos mais influentes dos tempos difíceis que vai viver.
Dos principais derrotadas do Congresso do CDS, Filipe Lobo d’Ávila e João de Almeida, apenas o segundo teve uma derrota absoluta, dado que Filipe d´Avila acabaria por ser “repescado” para vice-presidente de Francisco Rodrigues dos Santos na liderança do partido.
Ainda assim, o congresso de Aveiro, anunciado com um grau elevado de polémica e conflitualidade, viu os resultados serem aceites pelos vencidos e estes elogiarem o vencedor sem peias, não seguindo o exemplo dos vencidos do PSD da semana anterior.
Aliás, observaram-se apenas uma ou outra intervenção mais incómodas para “Chicão”, nomeadamente a de Pires de Lima que pediu respeito pelos adversários, foram apupadas, pelo que a oposição interna nesta fase do partido – na sequência da derrota nas eleições legislativas -, não parece ter intenções de dar ao vencedor qualquer controvérsia.
Assim, na leitura de Zé Povinho, os derrotados deste acto eleitoral interno do partido vão integrar-se facilmente nas hostes do novo presidente, quer por um ter sido chamado para a vice-presidência do partido, quer porque o outro é um destacado deputado na Assembleia, onde o novo líder não está presente. Derrotados, mas, certamente, não perdidos para os próximos anos.