Vivemos um tempo em que os jogadores de futebol parecem jogar por amor a tudo menos à camisola. A busca incessante de bons contratos e o sonho de singrar num mundo tão competitivo, e em que parece valer tudo para ganhar, levam a que haja cada vez menos jogadores que se tornam símbolos dos clubes. Há, até, atletas que conseguem trocar duas e três vezes de emblema numa só temporada desportiva e que, quando marcam um golo, até são capazes de beijar o emblema da camisola que envergam…
Por isso, Zé Povinho tira o chapéu a Thomas Militão, o grande capitão do Caldas, que acaba de atingir a incrível marca de 117 jogos completos e consecutivos pelo clube em partidas oficiais. Este é um caso raro de fidelidade a um emblema e que, por isso, merece ser ressalvado, pois quem joga ao nível de um Campeonato de Portugal só o pode fazer por paixão ao jogo e ao clube.
Este caldense, de 28 anos, já teve, certamente, propostas para seguir a carreira noutras paragens, mas o certo é que nunca conheceu outro clube e, a nível sénior, já fez mais de 250 partidas pelo Caldas, entre Campeonato de Portugal e Taça de Portugal. Se tudo correr como o previsto, Thomas Militão pode vir a tornar-se no jogador da história que mais vezes defendeu o pelicano dentro de um relvado e tornar-se, desse modo, num dos grandes símbolos do clube, provando assim que ainda há valores pelos quais é possível lutar no mundo do desporto, nomeadamente, como neste caso, o futebol, no qual temos assistido, nos últimos tempos, apenas maus exemplos, sobretudo relacionados com falta de cultura desportiva e fenómenos de violência.

A Nazaré tem estado no centro da onda da Praia do Norte e ainda esta semana foram muitos milhares os que se deslocaram até ao Sítio para ver os surfistas das ondas gigantes. A emoção ali é garantida e ainda esta semana um surfista foi retirado da água quando estava inanimado, tal o perigo que o Canhão apresenta a quem se atreve a entrar ao mar… Emoção também era o que o famoso projecto do zipline prometia. Mas, afinal, agora ficou a saber-se em definitivo que a ideia – que chegou a ser dada como certa sem haver concurso público aberto, que prometia ser um chamariz de turistas sem ter em conta todos os impactos do mecanismo de travessia entre o Sítio e a Praia e que dividia a maioria do PS aos outros partidos da oposição -, afinal, merece a unanimidade da Assembleia Municipal, que votou num só sentido uma moção da CDU a elogiar o executivo de Walter Chicharro por ter deixado cair o projecto. Até o PS, que noutros tempos fora um acérrimo defensor dos impactos positivos do zipline no turismo local, votou ao lado da CDU, o que não deixa de impressionar Zé Povinho. Nestas coisas da política, e utilizando a linguagem desportiva, é caso para dizer que a “bola” é redonda. E que o argumentário dos políticos dá para todos os cenários, desde que sirva uma estratégia, qualquer ela que seja. Mas não se pense que isto é exclusivo dos autarcas nazarenos, pois há por aí muitos políticos que defendem hoje uma coisa e amanhã outra… O que é preciso é saber estar. Ou não.