
Nos tempos que correm não é muito habitual ver intenções de integrar todas as tendências políticas em órgãos colegiais e praticá-las com sentido objectivo. Geralmente tende-se a marginalizar aqueles que representam oposições minoritárias, pois há sempre a ideia de impor o poder da maioria e evitar protagonismo aos restantes participantes nos órgãos.
Na Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCIM) – órgão não electivo diretamente, mas que recebe a sua representatividade diretamente da eleição das autarquias que a compõem -, tem-se instituído o hábito de colocar nos seus órgãos dirigentes, autarcas que representam as tendências diversas de todas as autarquias, mesmo daquelas que conseguiram um número mínimo de câmaras.
Assim, desta vez na sua direcção estão representados os três partidos ou coligações que dominam as autarquias da região – PS, PSD e CDU – tendo sido prometido aos independentes que venceram em Peniche serem expressamente consultados nas matérias de maior relevo.
O presidente da Oeste CIM, Pedro Folgado, referiu-se a isso dizendo que “em determinada altura terei dois vice-presidentes e mais alguém a quem perguntarei o que pensa de determinadas matérias, pois a inclusão é importante para nós”.
Zé Povinho faz votos que as diligências deste novo elenco da OesteCIM veja resultados concretos das suas abordagens ao governo para a resolução dos problemas da região, nomeadamente da intervenção na Linha do Oeste. Mas não pode esquecer outras medidas mais proactivas, como a da própria reorganização funcional das CCDR, com a anunciada criação da do Oeste Médio Tejo e Lezíria.
Mariano Rajoy e Carles Puigdemont, são duas personagens que nos últimos meses têm enchido as páginas dos jornais do mundo, bem como as antenas das rádios e das televisões, com a polémica da saída da Catalunha do reino espanhol.
O problema da independência e autonomia dos povos é assunto demasiado complicado para abordagens simplistas e básicas, que assentem exclusivamente em leis que querem ser intemporais, mas que na maior partes das vezes estão marcadas pelo tempo e pelas circunstâncias, cuja perenidade não é justificação para tudo.
Perante os mesmos problemas, povos e dirigentes sensatos têm tido a flexibilidade de ajustar as leis aos momentos actuais para ultrapassar potenciais conflitos, que depois são minimizados pelo tempo.
Basta recordar o que aconteceu no Canadá com o referendo sobre o Quebec há alguns anos, ou mais recentemente no Reino Unido com o da Escócia, só para pensar em dois casos marcantes, cuja crise foi ultrapassada pacificamente.
Os espanhóis têm fama de ferver em pouca água e a história das nacionalidades no país vizinho também tem séculos de conflitos, queixando-se os catalães que a independência de Portugal no século XVII foi oferecida aos portugueses para evitar a sua.
No mundo, repetidas vezes têm morrido milhares de pessoas por problemas destes de independentismos exarcebados, recordando-se a tragédia que foi a divisão da Jugoslávia por várias países, em que parte deles queriam subjugar os outros por razões de poder e de força, não respeitando as identidades culturais, religiosas e sociais.
Zé Povinho até acha simpática a ideia de uma República da Catalunha (dado que os catalães são menos marcados pelo egoísmo e auto-suficiência dos castelhanos em relação às restantes nacionalidades), mas não compreende como não foi possível resolver estas questões de forma pacífica e utilizando instrumentos democráticos.
Provavelmente, a ser feito um referendo em condições normais e pacíficas, o problema não teria atingido o dramatismo e a violência que se viu, devendo qualquer das partes ter aceite o desígnio da maioria dos catalães, e não as imposições autoritárias e legalistas dos restantes.
Mariano Rajoy e Carles Puigdemont vão ficar para a história de Espanha e da Catalunha como dois líderes que não compreenderam os tempos e que se refugiaram em posições radicalizadas que não ajudaram a decisões inteligentes e partilhados para o futuro dos seus povos. Por isso, Zé Povinho desejaria ter visto outros líderes mais sensatos a resolver este problema.