A semana do Zé Povinho – 23-03-2018

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DSC_8351Otelo Saraiva de Carvalho esteve nas Caldas da Rainha. No CCC. Com 300 miúdos das escolas a ouvi-lo, interessados, contar histórias sobre o 16 de Março e o 25 de Abril de 1974.
Só por isso, já valeu a pena o convite que em boa hora a Câmara Municipal lhe fez – a ele e a outros militares de Abril – para estar presente na sessão de apresentação do livro de banda desenhada de José Ruy que conta a história do golpe das Caldas.
Zé Povinho também ouviu com atenção os episódios da conspiração de há 44 anos que acabaria por resultar numa revolução dos cravos que traria a democracia e a liberdade aos portugueses. E ficou satisfeito ao constatar que a mensagem que Otelo transmitiu aos mais novos sublinhava claramente os valores da liberdade e alertava para a emergência dos populismos que, por si só, contêm as perigosas sementes das ditaduras, da intolerância e do fascismo.
Por controverso que Otelo tenha sido anos depois do 25 de Abril, não há que negar-lhe a sua coragem, a sua inteligência enquanto operacional e estratega da revolução, e o seu espírito rebelde e comprometido com a Liberdade e contra todas as formas de opressão.
Por isso, Zé Povinho aproveita para cumprimentar este militar, em nome de todos os seus companheiros de revolução, e expressar-lhe um sincero obrigado pelo 25 de Abril.

 

 

 

Nicolas-Sarkozy_7971e100A Justiça por esse mundo fora anda a fazer estragos junto dos políticos mais proeminentes em termos mediáticos. Os exemplos mais badalados vão desde o Brasil a Israel, dos Estados Unidos à China, de Itália a Espanha, sem esquecer, como é o caso, a França.
Esta semana o mundo foi surpreendido com a detenção para averiguações do ex-Presidente da República, Nicolas Sarkoky, indiciado e denunciado por ter recebido financiamentos ilegais para a campanha eleitoral de 2007 da parte do ditador líbio Muammar Kadahfi.
A acusação não era nova, uma vez que a mesma andava a marinar nos medias franceses e nas redes sociais, especialmente desde que o regime líbio caiu através da revolta encabeçada por uns autoproclamados movimentos de libertação, apoiados envergonhadamente por países ocidentais, mas que rapidamente caíram na mão de extremistas islâmicos e de grupos armados que tornaram aquele país num território sem liderança nem lei.

Sarkoky não se tem livrado das acusações de que teria ajudado indirectamente à queda de Kadahfi para limpar o rasto dos milhões de dólares que teria recebido para a campanha eleitoral, indícios que agora parecem mais claros com as gargantas fundas que serviram de intermediários a começarem a falar com mais insistência.
Verdade ou mentira, a forma discutível ou condenável como as forças ocidentais actuaram durante algumas “primaveras árabes”, destabilizaram aqueles países, mesmo vivendo em regimes ditatoriais, que depois cairam em situações de arbitrárias anarquias, permitindo a passagem de clandestinos que agravaram a crise da Europa e trouxeram mais insegurança ao velho continente.
Zé Povinho não defende os regimes ditatoriais, mas eliminá-los como fizeram os ocidentais e depois deixá-los entregues ao seu destino, gerou situações que tiveram forte impacto nos outros países e permitiram o crescimentos de movimentos como a Alkaheda ou o Daesh, cujos adeptos e seguidores matam indiscriminadamente em atentados nas capitais europeias, espalhando o medo.
Sarkoky poderá vir a pagar vários anos depois, a forma insensata como geriu a política externa francesa e também como se relacionou com alguns daqueles ditadores, fazendo uma política dúplice que agora parece estar a ser descoberta. O vil metal, como se vê por todo o lado, é aliciante, mas é mau conselheiro.