De quarentena no Lazareto

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Gazeta das Caldas
Isabel Castanheira
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Em 1881 Rafael Bordalo Pinheiro deu estampa um livro intitulado “No Lazareto”.
É um pequeno e despretensioso livro com 56 páginas, impresso a preto, à excepção da capa que é a cores; é seu editor a Empresa Literária Luso Brasileira – Editora, cujo proprietário era A. de Sousa Pinto. Este livrinho escreveu-o Bordalo Pinheiro após o regresso do Brasil, onde viveu de 1875 a 1879. Para lá embarcou no paquete Potosi; para cá veio no Valparaíso.

O Lazareto de Lisboa foi construído no século XIX, no sítio da Torre Velha, cujo nome oficial era o de Torre de D. Sebastião da Caparica, na freguesia do mesmo nome. Tinha como destino servir de quarentena aos volta viagem.

Era obrigatório a todos os viajantes chegados por mar, com particular destaque aos regressados do Brasil, cumprirem um tempo de quarentena no Lazareto, pois a febre-amarela e a de béribére – no caso dos viajantes estarem contaminados – eram doenças que facilmente podiam ser disseminadas pela população.

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Bordalo talvez para se entreter na sua quarentena, escreveu e desenhou este livro, começando-o pela descrição da sua viagem para o Brasil, a sua estada no país das papagaios e finalmente o seu regresso à pátria onde a Torre de Belém lhe dá as boas vindas e o abraça com emoção. Rafael, com o seu talento único transmite-nos episódios dramáticos da sua experiencia em terras de Santa Cruz, ao mesmo tempo que nos oferece cenas de humor e de crítica social.

Um bom livro para lermos nesta época de quarentena; sentimo-nos menos sós, já que podemos contar com a companhia de um bom e animado amigo: Bordalo Pinheiro.

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