Se nos tempos de crise, que agora vivemos, algum sentimento se revela indispensável é o da solidariedade.
Solidariedade para com todos os que sofrem com esta “crise”, que nos apareceu, nem sabemos bem, como e donde, mas que toca a todos, sobretudo os mais fracos e desprotegidos: os sem abrigo, os desempregados, os velhos com reformas de miséria, sem família que os ajude, e até mesmo aqueles que tendo, ainda emprego, não conseguem viver com os parcos ordenados que recebem.
Nunca como até agora se fez ouvir este grito d´alma, que nos toca a todos, mesmo àqueles que já estão no, recém descoberto, limiar da pobreza. Veja-se o resultado extraordinário que teve a última campanha do Banco Alimentar contra a Fome. Todos sentimos o apelo da dádiva! Todos pensamos que há que ajudar quem está pior que nós!
Mas não nos interessa saber se quem precisa é novo ou velho, é preto ou branco, é nosso vizinho ou mora longe. Que importa? O importante é saber que precisa de nós. E nós cá estamos para responder. Ajudar é uma obrigação cívica, moral, religiosa, como se queira, mas é uma obrigação e, também, um dever.
Assim, foi com algum espanto e, porque não dizê-lo, alguma indignação, que tomámos conhecimento do próximo encerramento, nas Caldas da Rainha, do Centro de Acolhimento dos Sem Abrigo, De Volta a Casa.
Obra erguida a pulso por um homem, que, além da sua actividade profissional, dedicou inteiramente a sua vida a esta causa, sem pedir nada para si, mas ao contrário, se sente, plenamente, realizado quando pode ajudar o seu semelhante necessitado: Joaquim Sá.
Claro que ponderamos todos os argumentos utilizados pela edilidade para justificar o seu encerramento:
– “Está nos relatórios policiais que vem gente de Peniche, Torres Vedras e Lisboa e não é para matar a fome”, contribuindo para “aumentar a criminalidade das Caldas”. Sendo assim, se não é para matar a fome, não precisam do Centro para comer. Se mesmo não comendo o frequentam (o que não parece provado), então trata-se de um caso de Polícia. Vamos impedir que quem tem fome seja impedido de comer porque a Polícia não faz o que é necessário? (Se não tem meios suficientes, para o fazer, também não nos parece que seja da responsabilidade do Centro De Volta a Casa;
– “Aquilo é um coio (certamente usado com o significado de, esconderijo) dos toxicodependentes”, facto que Joaquim Sá refuta dizendo que, se trata de um mito pois o centro apoia “uma percentagem mínima de toxicodependentes”. Mas senhores, os toxicodependentes, tal como nós, precisam de comer. Não será que se não tiverem quem lhes dê comida, não serão tentados a roubar o seu sustento? Aliás Joaquim Sá afirma que “no caso dos toxicodependentes trabalha com a Associação Sol Nascente” (associação com a missão de resgatar a vida de dependentes químicos e seus familiares).
Joaquim Sá, é um homem respeitado pela sociedade caldense, tendo até já sido distinguido com a Medalha Municipal, pelo trabalho de voluntarismo no âmbito da solidariedade. O que é reconhecido também pela generalidade dos caldenses que ao longo dos anos têm acompanhado o seu trabalho.
Não estamos pois a falar de alguém, inteiramente desconhecido, cujo trabalho e métodos sejam obscuros ou nebulosos,
Saudamos a garantia anunciada pela edilidade de que, relativamente aos que necessitam, irão dar resposta, para que ninguém fique sem a refeição e o tratamento de higiene. Mas, a experiência diz-nos que, a maior parte das vezes, as boas intenções não conseguem ser concretizadas, como acontece em casos idênticos em diversas partes do País, ou seja, as boas intenções acabam com aquilo que funciona, para ser substituído por algo que, eventualmente, irá funcionar melhor e depois… ficam, por isso mesmo, as boas intenções!
Muitas bocas já foram alimentadas graças à determinação e ao trabalho de Joaquim Sá e dos voluntários. Não deitemos fora a sua Obra. Aproveitemos toda a experiência deste Homem de Bem, que tem tido o apoio diário, entre outros, dos comerciantes das praças do peixe e da fruta. Ele tem o conhecimento claro e profundo de quem tem percorrido as ruas ao longo de vários anos e sabe que, nem sempre as soluções são as que se desejam, pois é necessário estar “aberto ao tempo da pessoa para fazer a sua reinserção social”.
Joaquim Sá sabe, e nós sabemos, que o que é necessário é continuar o seu trabalho, melhorar as condições em que tem trabalhado nas instalações, que são muito centrais e de fácil acesso, e que, até agora, lhe foram cedidas pela Câmara, com os voluntários que o apoiam com todo o seu coração e toda a sua vontade.
Matar a fome a quem a sente, como se disse atrás, é um dever, uma obrigação, de todos nós. não olhemos para o lado fazendo de conta que não nos diz respeito. A Fome é uma Praga que alastra se não a erradicarmos. Estamos gratos ao Joaquim Sá pelo seu trabalho e pela sua dedicação.
Digamos aos Edis que honrem a Medalha que ofereceram a Joaquim Sá como reconhecimento pelo seu trabalho e que sejam criadas condições para que esta obra de Solidariedade seja continuada sem interrupções. Não podem ser encerradas Instalações de Solidariedade Social sem a existência de outras, já a funcionar, em melhores condições de instalações e localização.
A Fome é de todos os dias, não tem interrupções. Acresce ainda que a crise fez alargar o espectro da fome. estamos em tempo de calamidade social. temos que ser solidários uns com os outros, sempre. a crise, assim o exige.
Damos o nosso apoio à continuidade desta obra solidária nas instalações actuais, com a introdução das melhorias necessárias para lhes dar maior funcionalidade e dignidade.
NR – Gazeta das Caldas recebeu vários mails com este texto, que não explica a origem nem a formação deste alegado movimento, mas que decidimos publicar devido à sua importância. Alguns dos subscritores do documento, que no-lo fizeram reencaminhar, são Rosa Cerqueira Pereira, Mário Gonçalves, Palmira Gaspar, Tojal Parreira e Conceição Henriques.
a associação volta a casa tem todo o mérito na missão que desempenha, mas o senhor joaquim sá é teimoso e deveria de ter outro tipo de posição!!!!!
com tanta teimosia e sabedoria do senhor joaquim sá não se percebe a sua colagem ao bloco de esquerda… se não tem nada a temer, peça alternativas, convoque eleições, apresente soluções e não deixe que um partido dirija e obtenha algum tempo de antena à custa dos desgraçados.
o zé povinho considera a instituição necessária, mas deverá funcionar de acordo com as regras da higiene, conduta e normas sociais impostas por uma sociedade de direitos e deveres e não apenas de coitadinhos. se não há nada a temer então enfrente-se a realidade e peça-se um novo local, sujeito a regras de higiene e de selecção de modo a não haver abusos, porque ajuda todos precisamos, uns mais do que outros e não se pode estar a dar comida a pessoas que fazem disso apenas um modo de vida!
gostaria que estas palavras escritas atrás chegassem muito longe. A pobreza não é bonita de se ver. Principalmente no Centro da cidade. Não culpo nem politicos nem autarquias. São muitas as causas… Ali também se vão entregar roupas caçado, mantas, restos de bolos das pastelarias, de yogurtes fora de prazo mas em boas condições. As senhoras da praça da fruta e do peixe contribuem com o que podem ou não vendem para que uma refeição de sopa conduto e sobremesa chegue aos que lá vão e a outros que vão discretamente buscar para a familia que tem em casa. Há muita pobreza envergonhada Teem ali a possibilidade de tomar banho quente.Também teem máquinas para lavar a roupa de quem vive nas mais variadas más condições. Ninguém se sente bem naquela miscelânia. Só quem precisa mesmo por problemas económicos ou psicológicos. Apesar de estar tudo o mais limpo possivel. Talvez um dia a pessoa que gere aquilo ( ou geria) seja canonizado e esteja num altar. Sem falsos milagres mas com obra feita de verdade….tente saber mais e lute pelos direitos de quem não tem cabeça, saúde, sorte e dinheiro; porque todos juntos seremos mais fortes