Manuel Bandeira Duarte
Designer e artista
As Caldas da Rainha e a região Oeste sempre foram palco de grandes feitos, memórias e celebrações. Vivemos intensamente as conquistas da nossa Terra, sem nunca nos desligarmos do passado nem do que ele nos conta. Preservar a identidade é um gesto diário dos caldenses: faz parte de nós, molda-nos e acompanha-nos. Comemorar é dar vida, é valorizar e atribuir reconhecimento pelo trabalho, esforço e dedicação que se atribui às evidências que nos acompanham. Por ser uma referência, é justo parabenizar a Gazeta das Caldas pelo seu centenário!
Enquanto ponto essencial na nossa História, contou-nos, informou-nos e acompanhou- nos através de diferentes épocas, sempre com resiliência e vontade de fazer acontecer, dinamizar e transmitir. São infindáveis e inimagináveis as quantidades de letras, palavras e textos passados para as folhas que, de toque delicado e de tinta fresca, chegam a leitores locais, nacionais e internacionais. São edições e edições que catalogaram momentos tão decisivos como o 25 de Abril de 1974, quando, entre linhas de prudência e subtileza, se revelavam os ventos da mudança. Páginas que guardaram, também, episódios tão nossos, como a Elevação a Cidade ou as muitas inaugurações que marcaram o desenvolvimento do território – trespassando o sentido e o relato do momento.
A Gazeta das Caldas foi, desde 1925, tornando a sua História e as suas Histórias numa verdadeira enciclopédia viva, guardiã de um século de memórias e de testemunhos. Nos tempos que correm, a informação é, também ela, um sinónimo de registo, no entanto, conturbado… Onde hoje há lugar à desinformação, ao ruído, à falácia e à dúvida, em tempos foi dos únicos e poucos meios fiáveis e próximos da comunicação. E, na era digital que atravessamos, fica a reflexão: que falta fará, no futuro, o simples gesto de folhear um jornal, sentir o papel e descobrir nele a História escrita por quem nos conhece de perto?
Os progressos continuam e estimo que a Gazeta das Caldas acompanhe a modernidade tecnológica. Espero que permaneça de braço dado com a comunidade, com os caldenses e com os oestinos, preservando a sua essência, a sua memória e a sua história – aquilo que tanto distingue este jornal regional – contudo, abrindo portas para novas dinâmicas sociais e culturais do território e da região.
Parabéns à Gazeta das Caldas pelos seus 100 anos – e que venham muitos mais!


































