A pandemia dos novos tempos

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Luis Gomes
empresário

Ainda no decorrer das comemorações do 25 de Abril, este ano a celebrar 48º ano, é possível ver e sentir o que de bom foi esta revolução no contexto socioecónomico, cultural e político. Ao longo destes 48 anos de liberdade, um dos maiores fenómenos que se consegue observar e talvez uma das bandeiras mais utilizadas é a palavra: ‘mudança’.
Mudar envolve, necessariamente, capacidade de compreensão e adoção de práticas que concretizem o desejo de transformação. Isto é, para que a mudança aconteça, as pessoas precisam estar sensibilizadas para ela.
Torna-se importante desmistificar e clarificar alguns conceitos e aproveitar para refletir sobre os mesmos.
Uma mudança pressupõe uma alteração de um estado, modelo ou situação anterior, para um estado, modelo ou situação futuros, por razões inesperadas e incontroláveis, ou por razões planeadas e premeditadas.
É normal que sempre que haja alterações do poder político exista a vontade de um rompimento com o passado, de forma a fazer uma tábua rasa do trabalho feito e assim tentar anular o que de bom e de mau foi feito, a isto se pode chamar – A mudança de paradigma.
Mas essa mudança de paradigma, no momento que tenta anular tudo o que foi feito, seja bom ou menos bom, somente com o objetivo de mudar por mudar, sem que essa mudança seja planeada, coerente e benéfica para a maioria das pessoas, incorremos num fenómeno ao qual lhe chamo: O Síndrome da Mudança.
A meu ver, este Síndrome da Mudança, acaba por ser a pandemia dos novos tempos, pois em qualquer conversa, queremos fazer tudo diferente, e para um desconhecedor, acabamos por facilmente nos enquadrar neste tipo de narrativa.
Contudo, é importante que exista planeamento a médio longo prazo, e aí, perceber o que de facto queremos. Assim não entrar em discursos falaciosos, sem incorrer numa mudança gratuita, clubística e refém de um pensamento crítico e consciente da realidade que vivemos.
Se o mesmo não for feito, pode este Síndrome da Mudança estar relativamente próximo do Síndrome de Estocolmo, onde os reféns da mudança se apaixonam pelo fenómeno em si e não pelas consequências que a mesma produziu ou destruiu. ■