A Terra Mágica das Lendas colabora com as Feiras do Livro do Externato Cooperativo da Benedita ora com exposições, animações de contos e/ou lançamentos de livros. Este ano deu destaque ao Património.
No dia 4, José Aurélio (JA) falou sobre a sua escultura ‘Acqua Mater’, uma homenagem à Benedita empreendedora e industrializada, inaugurada em 1985, na Praça Damasceno Campos e atualmente a ser reposta em frente da Casa da Vila, conforme acordado em 2017, aquando da sua remoção. Outro caso, foi a história da fábrica CERAMEX na Benedita com João Bonifácio Serra – JBS no lançamento do livro: ‘Artista à procura da sua história: Luís Ferreira da Silva’ que teve lugar no dia 6 de maio. Pode uma fábrica como a Ceramex que na Benedita, nem meia dúzia de anos existiu, entrar na história do património da nossa terra? Sim, porque F. da Silva, seu diretor artístico teve dos acionistas luz verde para a criação de algo inovador: cerâmica de grés. Uma novidade na produção cerâmica, mas como disse uma antiga funcionária, Luísa Bernardo, fazia muitas experiências e perdia muito tempo. Não conseguiu fabricar as encomendas e daí faliu, depois da morte de Maldonado Freitas acionista e também dono da farmácia da Benedita. Era uma cerâmica diferente de tudo o que já se vira. Ainda hoje em muitas das nossas casas há ‘loiça’ da CERAMEX, mas sobre a história do seu fabrico e do seu artista pouco ou nada sabíamos. Depois de ouvir e de ver as fotos que JBS apresentou sabemos agora dar valor a essa loiça, e a esses tempos dos anos 70. A fábrica foi legalizada em 1973, pouco antes da visita de Marcelo Caetano à Benedita. Palavras, memórias e fotos preencheram esta lacuna na nossa história local. Rui Serrenho colecionador de cerâmica enviou fotos de peças pintadas por F. da Silva, com assinatura.
‘Arte no Espaço Público’ foi o tema anunciado para JÁ, onde se destacaram as Gárgulas da Torre do Tombo, expoente máximo da obra do artista no espaço público nacional. Ficou o desejo de ir vê-las de perto. Olhou-se só para a nossa história local? Não. Álvaro Domingos que falou antes sob o título: ‘A Arca Está Vazia’ disse: Cheguei do Porto, fui ao Kebak, ouvi duas línguas indianas e pensei: estou na Benedita, terra que não conheço, e estou na globalização! Marcou-nos ‘encontro’ com as ideias mais novas do Património nestes tempos de rápidas mudanças e afirmou que Património é o que nós identificamos, o que nós apropriamos, o nosso sentir pela paisagem e memórias que connosco convivem. O Joaquim, seu ex-aluno, explicou o título e ilustrou a palestra com fotos da Benedita.
Agradecemos aos que partilharam as suas memórias. ■ Lúcia Serralheiro (Terra Mágica das Lendas)